São Paulo, sábado, 14 de abril de 2007

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Kasparov promove hoje manifestação anti-Kremlin

Coligação Outra Rússia é liderada por ex-enxadrista e reúne políticos de tendências díspares; polícia ameaça reprimir passeata

DA REDAÇÃO

Uma coligação de grupos de oposição ao presidente Vladimir Putin convocou para hoje em Moscou, e para amanhã em São Petersburgo, manifestações em favor da democracia que foram antecipadamente proibidas pela polícia russa.
A mobilização é patrocinada pelo grupo Outra Rússia, liderado pelo ex-campeão de xadrez Garry Kasparov. Ato idêntico em março foi duramente reprimido em São Petersburgo.
As autoridades mobilizaram 9.000 policiais em Moscou e cercaram ruas centrais. "Atos públicos não autorizados serão reprimidos com dureza", disse Viktor Biryukov, porta-voz do Ministério do Interior.

"Saco de gatos"
Além de Kasparov, personagem de extrema popularidade como campeão mundial de xadrez ainda nos tempos do comunismo, o Outra Rússia reúne lideranças como o ex-primeiro-ministro Mikhail Kasyanov e o nacionalista Eduard Limonov.
Kasparov disse que a "marcha de dissidentes" demonstrará como é "irrealista a imagem forjada pela mídia controlada pelo Kremlin de que o país prospera em razão da estabilidade". Ele acusa Putin de chefiar um regime autoritário, que aprofunda o fosso entre ricos e pobres e beneficia uma nova plutocracia, com os recursos da exportação de gás e petróleo.
Desde que chegou ao poder, em 2000, o atual presidente tem sido um governante centralizador, que criou restrições ao funcionamento de partidos e grupos da sociedade civil.
Kasparov disse em entrevista ao "Financial Times" que, para os padrões ocidentais, uma passeata com 5.000 participantes pode parecer "irrelevante". Mas que na Rússia esse número já é excepcional, porque as pessoas "temem pela própria saúde e perda do emprego".
O ex-enxadrista já percorreu 30 das 86 regiões russas, procurando colocar-se como uma alternativa para as eleições parlamentares de dezembro ou, eventualmente, para as presidenciais do ano que vem.
Por enquanto, no entanto, o Outra Rússia é um conjunto de personagens marginalizados e sem muita força. Lideranças liberais, como Grigory Yavlinsky, do partido Yabloko, dizem que Kasparov juntou um "saco de gatos". Limonov é controvertido, acusado de "fascista" pelos próximos de Putin.

"Ingerência americana"
A Duma, Câmara dos Deputados russa, aprovou ontem uma moção em que acusa os Estados Unidos de estarem apoiando "grupos radicais" que "ameaçam a estabilidade do país" e que procuram se tornar eleitoralmente influentes.
"Sob o pretexto de promover eleições livres e equânimes, dinheiro dos contribuintes americanos está financiando cursos de treinamento, pesquisas de opinião e seminários" de pessoas favoráveis à desestabilização, diz a moção.
Em outras votações, ambas por unanimidade nos dois plenários, deputados e senadores protestaram contra relatório do Departamento de Estado que se recusou a qualificar a Rússia como uma democracia e a definiu como "um sistema político multipartidário e fraco, com um Executivo forte".
O Ministério das Relações Exteriores já havia protestado contra essa qualificação.


Com agências internacionais


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