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Kasparov promove hoje manifestação anti-Kremlin
Coligação Outra Rússia é liderada por ex-enxadrista e reúne políticos de tendências díspares; polícia ameaça reprimir passeata
DA REDAÇÃO
Uma coligação de grupos de
oposição ao presidente Vladimir Putin convocou para hoje
em Moscou, e para amanhã em
São Petersburgo, manifestações em favor da democracia
que foram antecipadamente
proibidas pela polícia russa.
A mobilização é patrocinada
pelo grupo Outra Rússia, liderado pelo ex-campeão de xadrez Garry Kasparov. Ato idêntico em março foi duramente
reprimido em São Petersburgo.
As autoridades mobilizaram
9.000 policiais em Moscou e
cercaram ruas centrais. "Atos
públicos não autorizados serão
reprimidos com dureza", disse
Viktor Biryukov, porta-voz do
Ministério do Interior.
"Saco de gatos"
Além de Kasparov, personagem de extrema popularidade
como campeão mundial de xadrez ainda nos tempos do comunismo, o Outra Rússia reúne lideranças como o ex-primeiro-ministro Mikhail Kasyanov e o nacionalista Eduard Limonov.
Kasparov disse que a "marcha de dissidentes" demonstrará como é "irrealista a imagem
forjada pela mídia controlada
pelo Kremlin de que o país
prospera em razão da estabilidade". Ele acusa Putin de chefiar um regime autoritário, que
aprofunda o fosso entre ricos e
pobres e beneficia uma nova
plutocracia, com os recursos da
exportação de gás e petróleo.
Desde que chegou ao poder,
em 2000, o atual presidente
tem sido um governante centralizador, que criou restrições
ao funcionamento de partidos
e grupos da sociedade civil.
Kasparov disse em entrevista
ao "Financial Times" que, para
os padrões ocidentais, uma
passeata com 5.000 participantes pode parecer "irrelevante".
Mas que na Rússia esse número
já é excepcional, porque as pessoas "temem pela própria saúde e perda do emprego".
O ex-enxadrista já percorreu
30 das 86 regiões russas, procurando colocar-se como uma alternativa para as eleições parlamentares de dezembro ou,
eventualmente, para as presidenciais do ano que vem.
Por enquanto, no entanto, o
Outra Rússia é um conjunto de
personagens marginalizados e
sem muita força. Lideranças liberais, como Grigory Yavlinsky, do partido Yabloko, dizem que Kasparov juntou um
"saco de gatos". Limonov é controvertido, acusado de "fascista" pelos próximos de Putin.
"Ingerência americana"
A Duma, Câmara dos Deputados russa, aprovou ontem
uma moção em que acusa os
Estados Unidos de estarem
apoiando "grupos radicais" que
"ameaçam a estabilidade do
país" e que procuram se tornar
eleitoralmente influentes.
"Sob o pretexto de promover
eleições livres e equânimes, dinheiro dos contribuintes americanos está financiando cursos
de treinamento, pesquisas de
opinião e seminários" de pessoas favoráveis à desestabilização, diz a moção.
Em outras votações, ambas
por unanimidade nos dois plenários, deputados e senadores
protestaram contra relatório
do Departamento de Estado
que se recusou a qualificar a
Rússia como uma democracia e
a definiu como "um sistema político multipartidário e fraco,
com um Executivo forte".
O Ministério das Relações
Exteriores já havia protestado
contra essa qualificação.
Com agências internacionais
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