São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2010

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Cúpula impõe prazo de 4 anos para plena proteção nuclear

Documento final reconhece terrorismo atômico como grave ameaça à segurança global

Próxima reunião do gênero será em 2012, na Coreia do Sul, o que sinaliza que será focada na Coreia do Norte, assim como esta foi no Irã


DA ENVIADA A WASHINGTON
DE WASHINGTON

No documento final da Cúpula de Segurança Nuclear, que reuniu 47 países em Washington entre segunda e ontem, as nações reconhecem o terrorismo nuclear como "uma das ameaças mais desafiadoras à segurança internacional" e se comprometem a "proteger todo o material nuclear vulnerável em quatro anos".
Os convidados atendem, assim, aos apelos do presidente americano, Barack Obama, para quem organizações terroristas como a Al Qaeda estão em busca do desenvolvimento de armas nucleares. Em discurso em Praga em 2009, Obama pedira o esforço internacional para proteger todo o material nuclear vulnerável ate 2014. No comunicado, os países concordam que "fortes medidas de segurança nuclear são a maneira mais eficaz de impedir terroristas, criminosos ou outros atores não autorizados de adquirir materiais nucleares".
As maiores preocupações dos EUA são o urânio altamente enriquecido e o plutônio. Sobre os dois elementos, os signatários reconhecem que eles requerem "precauções especiais" e concordam em "promover medidas para proteger esses materiais, conforme apropriado, e encorajar a conversão de reatores que usam urânio altamente enriquecido para urânio de enriquecimento baixo".

Maçã
Em discurso ontem, Obama afirmou a seus pares que é o momento de fazer "progresso real para a segurança do nosso povo", não apenas "falar, mas agir". O presidente americano afirmou ainda que "dezenas de países têm materiais nucleares que podem ser vendidos ou roubados", e que uma arma feita com plutônio "do tamanho de uma maçã" pode matar dezenas de milhares de pessoas.
"Redes terroristas como a Al Qaeda já tentaram adquirir materiais para armamento nuclear", disse Obama. "E, se eles um dia forem bem-sucedidos, eles certamente o usariam. Se o fizessem, seria uma catástrofe para o mundo." Também foi pactuado pelos países que a próxima cúpula do gênero acontecerá em 2012, na Coreia do Sul, o que foi recebido como um sinal de que a próxima conferência será concentrada nos esforços contra o programa nuclear da Coreia do Norte, da mesma forma como esta foi focada no Irã.
Entre os anúncios que cada país fez durante a conferência, a Rússia decidiu fechar o seu último reator de plutônio; os EUA e o Canadá disseram que destinarão US$ 10 bilhões a projetos de proteção de material nuclear pelo mundo; e Argentina e EUA assinaram acordo de cooperação para conter o contrabando de materiais radioativos e nucleares.

Leia coluna de Clóvis Rossi sobre a cúpula

www.folha.com.br/101011


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