São Paulo, terça-feira, 14 de maio de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Líder palestino visita cidades da Cisjordânia, mas não discursa em campo de refugiados de Jenin "por segurança"

Arafat deixa Ramallah após cinco meses

Associated Press
Arafat segura cadeira retirada de escombros em Nablus


DA REDAÇÃO

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, saiu de Ramallah ontem, pela primeira vez em mais de cinco meses, em um helicóptero jordaniano, para visitar três cidades da Cisjordânia -Belém, Jenin e Nablus- atingidas pela recente ofensiva militar israelense.
Por sua parte, os EUA reafirmaram ontem seu apoio à fundação de um Estado palestino, apesar da decisão do Likud (partido do premiê israelense, Ariel Sharon) de se opor a um Estado independente.
Arafat não discursou ante mais de mil palestinos que o aguardavam no campo de refugiados de Jenin (a ANP alegou razões de segurança, temendo protestos), o que demostra os desafios que tem pela frente agora que está livre do cerco israelense e sob pressão internacional para atuar contra atos palestinos de violência.
Um dos assistentes de Arafat insistiu em que o líder palestino simplesmente não tinha conhecimento de que ele era aguardado no local. Alguns se mostraram decepcionados. Outros, furiosos. "Não me importa se ele não vier ao campo e se não trocarmos um aperto de mão", disse Sujud Hawashin. "Ele não deixa realizar as operações [suicidas]."
Arafat discursou na Prefeitura de Jenin. Em Belém, Nablus e Jenin, observou os prejuízos e afirmou que os palestinos vão fundar um Estado com Jerusalém como capital. "Jerusalém é a capital de nosso Estado independente da Palestina, não importa quem aceite ou não", disse Arafat, em Nablus, em referência ao anúncio do Likud de que nunca vai aceitar um Estado palestino.
O chanceler israelense, o trabalhista Shimon Peres, criticou a decisão do Likud e disse que Israel só será um "Estado judaico e democrático se criar, a seu lado, um Estado palestino". Os EUA disseram que continuarão a apoiar uma solução com dois Estados para o conflito israelo-palestino. "O presidente continua a acreditar que o melhor caminho para a paz é por meio da criação do Estado da Palestina, lado a lado com Israel", declarou o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer.
A União Européia também lamentou a decisão. "Todo mundo reconheceu que o único caminho para a paz é por meio de um Estado [para os palestinos". É uma pena que a política doméstica possa tornar esse processo mais difícil", afirmou Javier Solana, chefe da diplomacia da União Européia.
A UE vai decidir, nesta semana, o destino dos 13 palestinos que se encontram no Chipre depois de deixar a igreja da Natividade.


Com agências internacionais


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