São Paulo, terça-feira, 14 de maio de 2002

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AMÉRICA LATINA

Fidel leva o ex-presidente americano a centro de biotecnologia

Carter encontra dissidentes em Cuba

DA REDAÇÃO

O ex-presidente dos EUA Jimmy Carter (1977-1981), em seu segundo dia de uma histórica visita a Cuba, se encontrou ontem com líderes da dissidência interna que estão buscando apoio para reformas pró-democracia no sistema comunista de partido único.
Carter também visitou, acompanhado do ditador Fidel Castro, um centro de biotecnologia. Fidel havia instado Carter na véspera a inspecionar livremente todos os laboratórios e centros de pesquisa biotecnológica da ilha, para contestar a acusação feita pelo governo americano de que o país estaria produzindo e comercializando armas biológicas.
Carter é o primeiro presidente americano, no poder ou fora dele, a visitar Cuba desde 1928. Os EUA mantêm desde 1962 um embargo comercial contra a ilha comunista, ao qual Carter se opõe.
Logo pela manhã, o ex-presidente se reuniu por uma hora e 15 minutos com os dissidentes Elizardo Sánchez e Oswaldo Payá -este lidera uma campanha para pressionar Fidel a permitir um referendo questionando o regime de partido único.
Na sexta-feira, Payá entregou à Assembléia Nacional um abaixo-assinado com mais de 11 mil assinaturas a favor da consulta popular. A quantidade de assinaturas coletada é maior que o exigido pela Constituição para pedir um referendo. O governo, até agora, vem ignorando a campanha.
Carter deve permanecer em Cuba até sexta-feira e deverá fazer hoje uso de uma pouco usual prerrogativa para mandatários estrangeiros, ao pronunciar um discurso transmitido em cadeia de rádio e TV. Segundo Fidel, o ex-presidente estará livre para "dizer o que quiser dizer", ainda que não esteja de acordo com suas posições.
Carter disse ontem que não tinha evidências sobre a suposta fabricação de armas biológicas por Cuba e disse que "qualquer um que tenha evidências" deve aproveitar a oferta de Fidel para inspecionar suas instalações.

Liberdade
O governo dos EUA disse ontem que Fidel deveria dar à população cubana a mesma liberdade de viajar e de falar com dissidentes que deu a Carter. "Por que ter um padrão para um visitante e um outro bem pior e muito mais repressivo para sua própria população?", questionou o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer.


Com agências internacionais

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