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São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2003

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Para Garcia, crise não deslegitima Kirchner

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A possível renúncia de Carlos Menem não tornaria ilegítimo o mandato de Néstor Kirchner na Presidência argentina, segundo o governo Luiz Inácio Lula da Silva.
"É um equívoco dizer que a eleição não seria legítima. Era um segredo de polichinelo que a vitória de Kirchner viria de qualquer modo, segundo as pesquisas. Provavelmente, por uma margem enorme", disse Marco Aurélio Garcia, assessor de Lula. Garcia chegou a se referir ao adversário de Menem já como "presidente Kirchner".
Ele identificou um processo de "lepenização" de Menem -a comparação é com Jean Marie Le Pen, líder de extrema direita contra quem quase todos os setores políticos da França se uniram no segundo turno da eleição presidencial do país, em 2002.
A virtual vitória de Kirchner foi recebida como uma boa notícia por Lula. A posição do adversário de Menem é vista como mais favorável ao "relançamento" do Mercosul e menos alinhada aos EUA que a do ex-presidente.
Garcia, no entanto, considerou "lamentável" a hipótese de não haver segundo turno. "[A votação] seria mais uma demonstração da força das instituições democráticas argentinas."

"Posição firme"
O assessor disse que ficou sabendo da suposta renúncia no início da tarde de ontem. De imediato, enviou uma mensagem a Lula. No final da tarde, Lula telefonou ao presidente argentino, Eduardo Duhalde, para informar-se melhor da situação. O brasileiro deverá ir à posse do novo chefe de Estado argentino, em 25 de maio.
Para Garcia, a virtual eleição de Kirchner é uma "oportunidade real para que as boas relações de Brasil e Argentina se intensifiquem". Ele também disse ser positiva a manutenção do ministro da Economia, Roberto Lavagna.
"Os presidentes Kirchner e Lula estarão juntos, com uma posição firme quanto aos acordos de comércio hemisféricos e mundiais", disse o assessor de Lula.
Apesar de ser apoiado por Duhalde, Kirchner não deverá ser visto como uma espécie de "extensão natural" do atual mandato, na opinião do assessor.


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