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Boliviano crê ser alvo de uma
conspiração
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LA PAZ
Morales está convencido de que
existe uma conspiração contra
ele: "Nessa conspiração existe
uma corrente da oligarquia e de
algumas multinacionais petrolíferas, de políticos nefastos, corruptos, neoliberais", acusa. "Temos
informações dos serviços de inteligência e das Forças Armadas."
Ele está preocupado? "Não, pelo
contrário, me sinto forte."
No aeroporto militar do Grupo
Aéreo de Caça, um jatinho executivo comprado em 1976 pelo ditador Hugo Bánzer aguarda o presidente. A Bolívia não possui um
avião capaz de atravessar o oceano. Mas Morales percorre a América com o jatinho para seis passageiros, fazendo paradas a cada
duas horas e meia de vôo. Ao entrar, vemos uma gravura da Virgem Maria. Quem a colocou ali?
Morales não sabe.
Voamos até Chimoré, no Chapare de Cochabamba, a região cocaleira tropical onde ele iniciou
sua luta sindical. O presidente já
ficou detido num centro de Chimoré, onde ele agora aterrissa como presidente. Morales vai assistir à formatura de 67 policiais antinarcóticos do curso "Garras de
Valor", junto com o diretor da
Agência de Assuntos Antinarcóticos dos EUA, William Francisco.
Durante o ato, ele promete
identificar os chefões do narcotráfico e adverte que eles "podem estar sob a proteção de algumas autoridades". Francisco concorda,
entusiasmado. Ao final, eles se
sentam à mesma mesa para comer um churrasco. Morales pergunta como anda a vida dos tenentes que um dia o detiveram.
Novamente no jatinho, a caminho da inauguração de uma feira
internacional em Cochabamba,
Morales pede a opinião de seu
porta-voz governamental, Alex
Contreras, que, a seu lado, tecla
num laptop enfeitado com adesivos de Che Guevara. "Gostou da
minha intervenção?". Morales
sempre improvisa seus discursos.
É noite. O presidente repassa a
situação da Bolívia. "Eu não tenho
poder", diz. "Se estou na Presidência, é pelo esforço dos companheiros e dos movimentos sociais. Eles são o poder, foram eles
que me conduziram ao Palácio, e
chegar aqui custou sangue, luta,
marginalização e discriminação.
Faltam horas no meu dia, porque
tudo está por fazer."
O jatinho aterrissa em Cochabamba para que Morales inaugure a feira internacional, quase carregado pela multidão.
Às 21h, partimos novamente em
direção a La Paz. O presidente está esgotado e dorme. Contreras
conta que Morales costuma recuperar minutos de sono durante as
viagens. Às 22h chegamos ao Palácio. A agenda continua: Morales
se reúne com os representantes
do departamento de Tarija, um
dos mais ricos em gás e petróleo
do país. Seu ajudante-de-campo
olha o relógio, nervoso. Morales
precisa acordar às 4h da manhã
para embarcar no avião que Hugo
Chávez lhe emprestou para voar
até Havana. Em Cuba, ao lado de
Castro e Chávez, Morales vai se
somar à Alternativa Bolivariana
para a América Latina (Alba), um
projeto comercial sem tarifas.
(MERCEDES IBAIBARRIAGA)
Tradução de Clara Allain
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