São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 2006

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Em visita-surpresa, Bush vai a Bagdá

Presidente americano respalda gabinete de Nouri al Maliki; juiz determina fim dos argumentos de defesa de Saddam

Premiê iraquiano só teve conhecimento da visita do presidente americano cinco minutos antes da reunião na superfortificada Zona Verde


DA REDAÇÃO

Em visita-surpresa a Bagdá, o presidente americano, George W. Bush, assegurou aos iraquianos que os Estados Unidos apoiarão o novo governo, mas enfatizou que o futuro do país depende da coalizão liderada pelo premiê Nuri al Maliki.
"É de nosso interesse que o Iraque seja bem-sucedido", disse Bush, ao lado de Maliki, que apenas soube da visita cinco minutos antes do encontro. "A nossa tarefa é ajudá-lo, e nós o ajudaremos."
A inesperada visita de Bush ocorre no momento em que Washington tenta ampliar o apoio ao novo governo iraquiano e à sua cada vez mais impopular estratégia de guerra. É a segunda viagem do americano ao Iraque desde a invasão, em março de 2003. A primeira foi em novembro de 2004, durante o feriado de Ação de Graças.
"Não vim apenas para olhá-lo no olho. Também vim para dizê-lhe que, quando a América dá a sua palavra, a mantém", disse Bush diante de militares americanos, na Embaixada dos EUA em Bagdá, na Zona Verde.
"As decisões que você e o seu gabinete fizerem determinarão se o seu país será bem-sucedido, se pode governar a si mesmo, se pode se defender, se sustentar", afirmou Bush.
Já Maliki disse que o Iraque estava "determinado a ser bem-sucedido". "Temos de derrotar os terroristas e todas as dificuldades", afirmou.

Preparativos
Embora a viagem estivesse em planejamento há algumas semanas, Bush esperou Maliki completar seu gabinete antes de embarcar. As últimas nomeações foram feitas na última quinta. A visita ocorreu ainda seis dias depois da morte do líder da Al Qaeda no Iraque, Abu Musab al Zarqawi.
A visita de Bush era do conhecimento apenas de alguns assessores e de um grupo pequeno de jornalistas, que tiveram de jurar silêncio.
O premiê iraquiano foi convidado à embaixada sob o pretexto de que participaria de uma videoconferência com Bush, que estaria em Camp David, o local de descanso presidencial ao norte de Washington.
Bush estava sentado no cockpit do Air Force One quando o avião aterrissou em Bagdá, às 16h locais, após um vôo de 11 horas. Ele usou um colete à prova de balas de 13 kg nos seis minutos que duraram o vôo de helicóptero entre o aeroporto e a Zona Verde.
Horas antes do embarque, a Casa Branca havia emitido um comunicado no qual informava que Bush se reuniria durante dois dias com o seu gabinete em Camp David e que realizaria uma teleconferência com Bagdá para analisar os próximos passos dos EUA no Iraque e apoiar seu novo governo.

US$ 320 bilhões
A Câmara americana aprovou ontem a previsão de US$ 94,5 bilhões para pagar as operações militares no Iraque e no Afeganistão, danos causados por furacões, medidas preventivas para a gripe aviária e vigilância nas fronteiras.
Um acordo entre o Senado e a Câmara prevê que US$ 66 bilhões sejam destinados ao Iraque. Com isso, o custo dos três anos de guerra já soma US$ 320 bilhões. O projeto de lei foi aprovado quase sem discussão, com 351 votos a favor e apenas 67 contra -mostra do amplo apoio a Bush na Câmara.

Saddam
O principal juiz do processo contra o ex-ditador Saddam Hussein, Raouf Abdel Rahman, determinou o fim das audiências com testemunhas de defesa e disse que a acusação apresentará seus argumentos finais na semana que vem.
A defesa de Saddam reclama que não teve chance de se apresentar apropriadamente.


Com agências internacionais

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