São Paulo, sábado, 14 de junho de 2008

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Ditador do Zimbábue ameaça luta armada após a eleição

Robert Mugabe diz que aliados pegarão em armas caso oposição vença no 2º turno

Kofi Annan, Desmond Tutu e 12 outras personalidades africanas publicam apelo por um processo eleitoral justo e pelo fim da violência

DA REDAÇÃO

No mesmo dia em que 14 ex-presidentes e personalidades influentes da África fizeram um apelo por eleições justas e livres no Zimbábue, o ditador do país, Robert Mugabe, elevou a tensão ao afirmar que veteranos da guerra de libertação zimbabuana estão prontos para pegar em armas caso ele perca o segundo turno da votação, no próximo dia 27.
Na capital Harare, ontem, Mugabe disse a jovens membros de seu partido, o Zanu-PF, que os veteranos afirmam que "se o país voltar para as mãos dos brancos só porque usamos uma caneta [para votar], retornarão para a selva para lutar".
O ditador, herói da guerra pela libertação do domínio do Reino Unido, está no poder desde 1980, quando o Zimbábue se tornou independente. Ele acusa a oposição de servir a interesses da ex-metrópole e das potências ocidentais.
Mugabe perdeu o primeiro turno, em 29 de março, para o líder do opositor Movimento pela Mudança Democrática, Morgan Tsvangirai, por 43,2% a 47,9%. A contagem dos votos gerou suspeitas de fraude -o resultado só saiu após 35 dias.
Desde então,o MDC contabiliza que 66 membros do partido ou simpatizantes foram mortos por forças leais a Mugabe. O próprio Tsvangirai foi detido várias vezes e o secretário-geral do MDC, Tendai Biti, foi preso e acusado de traição -poderá ser condenado à morte.
O embaixador dos EUA em Harare, James McGee, afirmou ontem que 30 mil potenciais apoiadores da oposição já foram expulsos de suas casas pelo governo. "É muito óbvio que há intimidação política e assassinatos aqui no Zimbábue. Nunca vi nada comparável."
A crise levou o ex-secretário-geral da ONU ganense Kofi Annan, o prêmio Nobel da Paz sul-africano Desmond Tutu, o ex-presidente de Moçambique Joaquim Chissano e 11 outros acadêmicos e ex-chefes de Estado de várias partes da África a publicarem ontem pedido de eleições livres. "Como africanos, consideramos essas eleições críticas. Pedimos o fim da violência e da intimidação."
O empresário de telecomunicações sudanês Mo Ibrahim, que apoiou a iniciativa, disse que o grupo quer dar voz à sociedade civil africana. "Os africanos não estão em silêncio. Tudo o que pedimos são eleições justas e livres." Mugabe teve historicamente apoio dos vizinhos, mas ele diminuiu com os relatos de violência.


Com agências internacionais


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