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Ditador do Zimbábue ameaça luta armada após a eleição
Robert Mugabe diz que aliados pegarão em armas caso oposição vença no 2º turno
Kofi Annan, Desmond Tutu e 12 outras personalidades africanas publicam apelo por um processo eleitoral justo e pelo fim da violência
DA REDAÇÃO
No mesmo dia em que 14 ex-presidentes e personalidades
influentes da África fizeram
um apelo por eleições justas e
livres no Zimbábue, o ditador
do país, Robert Mugabe, elevou
a tensão ao afirmar que veteranos da guerra de libertação
zimbabuana estão prontos para
pegar em armas caso ele perca
o segundo turno da votação, no
próximo dia 27.
Na capital Harare, ontem,
Mugabe disse a jovens membros de seu partido, o Zanu-PF,
que os veteranos afirmam que
"se o país voltar para as mãos
dos brancos só porque usamos
uma caneta [para votar], retornarão para a selva para lutar".
O ditador, herói da guerra pela libertação do domínio do
Reino Unido, está no poder
desde 1980, quando o Zimbábue se tornou independente.
Ele acusa a oposição de servir a
interesses da ex-metrópole e
das potências ocidentais.
Mugabe perdeu o primeiro
turno, em 29 de março, para o
líder do opositor Movimento
pela Mudança Democrática,
Morgan Tsvangirai, por 43,2%
a 47,9%. A contagem dos votos
gerou suspeitas de fraude -o
resultado só saiu após 35 dias.
Desde então,o MDC contabiliza que 66 membros do partido
ou simpatizantes foram mortos
por forças leais a Mugabe. O
próprio Tsvangirai foi detido
várias vezes e o secretário-geral
do MDC, Tendai Biti, foi preso
e acusado de traição -poderá
ser condenado à morte.
O embaixador dos EUA em
Harare, James McGee, afirmou
ontem que 30 mil potenciais
apoiadores da oposição já foram expulsos de suas casas pelo
governo. "É muito óbvio que há
intimidação política e assassinatos aqui no Zimbábue. Nunca vi nada comparável."
A crise levou o ex-secretário-geral da ONU ganense Kofi Annan, o prêmio Nobel da Paz sul-africano Desmond Tutu, o ex-presidente de Moçambique
Joaquim Chissano e 11 outros
acadêmicos e ex-chefes de Estado de várias partes da África a
publicarem ontem pedido de
eleições livres. "Como africanos, consideramos essas eleições críticas. Pedimos o fim da
violência e da intimidação."
O empresário de telecomunicações sudanês Mo Ibrahim,
que apoiou a iniciativa, disse
que o grupo quer dar voz à sociedade civil africana. "Os africanos não estão em silêncio.
Tudo o que pedimos são eleições justas e livres." Mugabe teve historicamente apoio dos vizinhos, mas ele diminuiu com
os relatos de violência.
Com agências internacionais
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