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foco
Bush é recebido por Bento 16 nos jardins do Vaticano e dá força a rumores de conversão
DO "FINANCIAL TIMES", EM ROMA
Em uma demonstração pública do relacionamento especial que mantêm, o Papa
Bento 16 ontem rompeu o
protocolo e recebeu o presidente George W. Bush nos
jardins do Vaticano, o que
serviu para reanimar as especulações da imprensa italiana
quanto a uma possível conversão do presidente norte-americano ao catolicismo.
Acredita-se que Bush, um
cristão evangélico que foi recebido em audiência pelo papa mais vezes do que qualquer outro presidente dos
EUA, tenha sido o primeiro
chefe de Estado em visita ao
Vaticano a ser recebido fora
do gabinete privado do papa.
"Que grande honra, que
grande honra", disse Bush,
quando os dois entraram na
Torre de São João, uma construção da era medieval, para
uma conversa privada. Contemplando os amplos jardins,
Bush perguntou sobre seu tamanho. "Não tão grandes
quanto o Texas", respondeu
um assessor do Vaticano.
"Sim, mas mais importantes",
respondeu o texano.
Os enviados descreveram a
cena como notável quebra de
protocolo, com o objetivo de
retribuir a recepção para 13,5
mil convidados realizada na
Casa Branca quando do aniversário do papa, em abril, na
sua recente visita aos EUA.
Na recepção, quando um
entrevistador católico perguntou o que ele via nos olhos
do papa, Bush, que segue a religião metodista, respondeu
simplesmente: "Deus".
Marcello Pera, um filósofo
e senador italiano que co-escreveu um livro com Bento 16
quando este ainda era cardeal, diz que os dois homens
têm um relacionamento profundo e especial, fundado,
primordialmente, em uma
crença compartilhada de que
a religião deve desempenhar
papel central na vida política
e na formação da opinião pública, e não em suas visões
conservadoras sobre o aborto
e o casamento homossexual.
Ainda que os EUA preservem a separação entre Igreja
e Estado, não existe uma muralha entre religião e política,
segundo Pera. "Trata-se de
uma parte da história dos
EUA. O país tem um senso de
missão [cristã]. A Europa é
mais laica. Bento 16 gosta
mais do modelo norte-americano. O que fica claro é que o
relacionamento deles não é
pessoal, mas sim conceitual."
Comentaristas católicos
italianos previram confiantemente, ontem, que Bush se
converteria ao encerrar seu
mandato seguindo os passos
de seu irmão Jeb, que se casou com uma católica, e do
ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.
Mas fontes próximas ao Vaticano dizem ter visto poucos
sinais reveladores, apontando que os dois não rezaram
juntos, durante o encontro.
A visita ao Vaticano faz parte da última turnê européia
de Bush, que deixa a Casa
Branca em janeiro. Ontem à
noite, ele foi recebido em Paris para um jantar com o presidente da França, Nicolas
Sarkozy. Antes de voltar aos
EUA, visita ainda o premiê
britânico, Gordon Brown.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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