São Paulo, segunda-feira, 14 de julho de 2008

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Ataque do Taleban mata 9 soldados dos EUA

"New York Times" diz que Bush irá reduzir soldados no Iraque a partir de setembro para reforçar tropas no Afeganistão

Ação contra base também feriu 15 soldados da força da Otan e 4 afegãos; baixas já superam as sofridas no Iraque nos últimos 3 meses

Chad J. Mcneeley - 11.jul.08/ Departamento de Defesa dos EUA
Mike Mullen, chefe do Estado-Maior dos EUA, fala a soldados americanos no Afeganistão; ataque de ontem foi um dos piores desde a invasão do país, em 2001

DA REDAÇÃO

A milícia fundamentalista Taleban lançou ontem um violento ataque contra uma base de operações da Otan (aliança militar ocidental) na Província de Kunar, no nordeste do Afeganistão, deixando nove soldados americanos mortos. O atentado, que também feriu 15 soldados da Otan e quatro do Exército afegão, foi o pior realizado contra forças americanas no país nos últimos três anos.
As baixas sofridas pelos EUA e seus aliados no Afeganistão já são superiores às sofridas no Iraque, considerando-se os últimos três meses.
Sintomaticamente, o jornal "The New York Times" informou ontem que os EUA estudam a redução de tropas no Iraque a partir de setembro, atribuindo a medida à necessidade de reforçar as forças do país no Afeganistão. Ressaltando que não há nenhuma decisão tomada, o diário afirma -citando fontes do governo e das Forças Armadas- que de uma a três unidades de combate podem deixar o Iraque até janeiro de 2009, quando George W. Bush deixará a Presidência.
Com isso, o total de soldados americanos no país árabe seria reduzido dos atuais 150 mil para entre 120 mil e 130 mil.
O governo dos EUA vem sendo pressionado por Bagdá para estabelecer um cronograma de retirada de seus soldados do país, como parte de um acordo bilateral de segurança que legalizaria a presença militar americana quando vencer o atual mandato da ONU, em dezembro deste ano.
Ontem, o jornal "The Washington Post" afirmou que, dada as dificuldades na negociação do acordo com o governo iraquiano, é possível que seja assinado um memorando provisório, a ser renegociado pelo próximo presidente dos EUA.

Combates
No Afeganistão, um comunicado da Otan disse que os confrontos que levaram à morte dos nove soldados "começaram nas primeiras horas da madrugada de ontem e prosseguiram ao longo do dia, enquanto os insurgentes eram repelidos pelo Exército Nacional Afegão e pelos homens da Força Internacional de Assistência e Segurança [Isaf, em inglês]".
O Taleban atacou a base com metralhadoras, lança-foguetes e morteiros, disparando a partir de casas e de uma mesquita localizadas no vilarejo de Wanat. "Embora nenhum balanço tenha sido feito até o momento, estima-se que os insurgentes tenham sofrido pesadas baixas durante várias horas de luta", conclui o informe da Otan.
A Isaf reúne tropas de 39 países, mas as operações de combate, que ocorrem principalmente no sul do Afeganistão, recaem mais sobre norte-americanos e britânicos.

Ano fatal
O ano de 2008 já é o mais letal no Afeganistão desde a invasão dos EUA e seus aliados da Otan que derrubou o governo do Taleban, acusado de dar abrigo a Osama bin Laden, em 2001. Cerca de 700 civis afegãos foram mortos nos primeiros cinco meses do ano, um aumento acentuado em relação aos anos anteriores, segundo relatórios da ONU.
A Otan afirma que os ataques contra suas forças tiveram um aumento de 40% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Ontem, o general David McKiernan -que liderou a invasão do Iraque em 2003 e passou a comandar as tropas no Afeganistão em junho passado- apontou várias razões para o aumento da violência. Descrevendo o verão e a primavera [no hemisfério Norte] como "altas estações" para os combates, ele destacou três fatores.
Em primeiro lugar, uma tática deliberada do Taleban de privilegiar ataques menores contra alvos mais vulneráveis, como mercados, repartições do governo e comboios.
Em seguida, McKiernan apontou as incursões da Otan e do Exército afegão em regiões controladas pelo Taleban. Finalmente, ressaltou "a situação de deterioração dos santuários do Taleban em áreas tribais, ao longo da fronteira com o Paquistão". McKiernan destacou este último ponto como um problema crescente. Segundo ele, a base de operações atacada ontem fica perto da fronteira com o Paquistão, em uma das regiões mais montanhosas e hostis do país e onde tropas americanas têm travado batalhas contra os insurgentes.


Com agências internacionais



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