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TABAGISMO
Proibição de termos na embalagem começa em setembro próximo
Canadá vai banir maços de cigarro "light" e "suave"
DA REDAÇÃO
O ministro da saúde do Canadá,
Allan Rock, anunciou ontem que
irá proibir as empresas de tabaco
de vender cigarros que usem os
termos "light" (leve, em inglês) e
"mild" (suave) em suas embalagens. Rock fez o anuncio durante
a abertura do encontro anual da
Associação Médica Canadense,
em Québec.
Ele disse que irá pôr fim ao uso
dessas palavras, mas que espera
uma reação da indústria contra a
nova legislação, cuja introdução
deve se dar a partir de setembro.
"Deixe que eles briguem pelo
direito de enganar, há décadas
eles confundem o público", afirmou Rock em seu discurso.
"Rotular cigarros de "light" ou
suave dá aos fumantes uma falsa
noção de segurança", completou.
Em maio, Rock havia pedido a
retirada voluntária dos termos,
mas a indústria, que tinha prazo
de cem dias para fazê-lo, não tomou nenhuma providência.
O principal argumento do ministro da Saúde é que os cigarros
vendidos como "light" e "suave"
são tão letais quanto os cigarros
normais e a indústria os vende como se fossem mais saudáveis.
Esse ponto de vista é corroborado por estudos que mostram que
fumantes costumam cobrir os furos do filtro dos cigarros "light"
ou dar tragadas mais longas.
Com a introdução da nova regra, os fabricantes de cigarro terão de renomear seus produtos.
Os detalhes ainda não foram divulgados, mas espera-se que a
proibição aconteça por etapas e
que as mudanças não aconteçam
antes do próximo ano.
Essa medida faz parte de uma
estratégia de controle do fumo no
Canadá, traçada por Rock para os
próximos cinco anos.
Michel Descoteaux, da Imperial
Tobacco Canada, uma das três
maiores indústrias do país, declarou ao jornal local "Toronto Star"
que os termos "light" e "ultra
light" não são enganosos por descrevem com precisão níveis comparativos de alcatrão.
Mas documentos obtidos legalmente nos últimos anos mostram
que a indústria tem consciência
de que as marcas com pouco alcatrão podem fazer com que fumantes não deixem o cigarro.
Segundo o jornal, um documento da Imperial de 1978 afirma
que há provas de que quase nenhum fumante dessas marcas
deixa o vício. "Há indicações de
que a introdução do cigarros com
baixíssimos teores de alcatrão
mantiveram fumantes potenciais
no mercado de cigarros ao lhes
dar uma alternativa viável", afirma o documento.
Segundo o jornal canadense
"The Globe and Mail", a decisão
de Rock foi aplaudida pelo analista de políticas da Non-Smokes
Rights Association (associação
pelos direitos dos não-fumantes,
em inglês) Francis Thompson,
com a ressalva de que a medida
demorou para ser tomada.
"Nossa primeira reação é de que
já não era sem tempo. É uma
questão que nós trabalhamos por
mais de uma década."
Para Thompson, no longo prazo, o Canadá terá que melhorar
seu sistema regulador para que
caiba aos fabricantes, não ao governo, a produção de provas em
questões de saúde.
A proposta de Rock não é inédita. Em maio, a União Européia
aprovou legislação que impede o
uso desses termos a partir de setembro de 2003. No Brasil, a proibição começa em dezembro
Com agências internacionais
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