São Paulo, terça-feira, 14 de agosto de 2001

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TABAGISMO

Proibição de termos na embalagem começa em setembro próximo

Canadá vai banir maços de cigarro "light" e "suave"

DA REDAÇÃO

O ministro da saúde do Canadá, Allan Rock, anunciou ontem que irá proibir as empresas de tabaco de vender cigarros que usem os termos "light" (leve, em inglês) e "mild" (suave) em suas embalagens. Rock fez o anuncio durante a abertura do encontro anual da Associação Médica Canadense, em Québec.
Ele disse que irá pôr fim ao uso dessas palavras, mas que espera uma reação da indústria contra a nova legislação, cuja introdução deve se dar a partir de setembro.
"Deixe que eles briguem pelo direito de enganar, há décadas eles confundem o público", afirmou Rock em seu discurso.
"Rotular cigarros de "light" ou suave dá aos fumantes uma falsa noção de segurança", completou.
Em maio, Rock havia pedido a retirada voluntária dos termos, mas a indústria, que tinha prazo de cem dias para fazê-lo, não tomou nenhuma providência.
O principal argumento do ministro da Saúde é que os cigarros vendidos como "light" e "suave" são tão letais quanto os cigarros normais e a indústria os vende como se fossem mais saudáveis.
Esse ponto de vista é corroborado por estudos que mostram que fumantes costumam cobrir os furos do filtro dos cigarros "light" ou dar tragadas mais longas.
Com a introdução da nova regra, os fabricantes de cigarro terão de renomear seus produtos. Os detalhes ainda não foram divulgados, mas espera-se que a proibição aconteça por etapas e que as mudanças não aconteçam antes do próximo ano.
Essa medida faz parte de uma estratégia de controle do fumo no Canadá, traçada por Rock para os próximos cinco anos.
Michel Descoteaux, da Imperial Tobacco Canada, uma das três maiores indústrias do país, declarou ao jornal local "Toronto Star" que os termos "light" e "ultra light" não são enganosos por descrevem com precisão níveis comparativos de alcatrão.
Mas documentos obtidos legalmente nos últimos anos mostram que a indústria tem consciência de que as marcas com pouco alcatrão podem fazer com que fumantes não deixem o cigarro.
Segundo o jornal, um documento da Imperial de 1978 afirma que há provas de que quase nenhum fumante dessas marcas deixa o vício. "Há indicações de que a introdução do cigarros com baixíssimos teores de alcatrão mantiveram fumantes potenciais no mercado de cigarros ao lhes dar uma alternativa viável", afirma o documento.
Segundo o jornal canadense "The Globe and Mail", a decisão de Rock foi aplaudida pelo analista de políticas da Non-Smokes Rights Association (associação pelos direitos dos não-fumantes, em inglês) Francis Thompson, com a ressalva de que a medida demorou para ser tomada.
"Nossa primeira reação é de que já não era sem tempo. É uma questão que nós trabalhamos por mais de uma década."
Para Thompson, no longo prazo, o Canadá terá que melhorar seu sistema regulador para que caiba aos fabricantes, não ao governo, a produção de provas em questões de saúde.
A proposta de Rock não é inédita. Em maio, a União Européia aprovou legislação que impede o uso desses termos a partir de setembro de 2003. No Brasil, a proibição começa em dezembro


Com agências internacionais


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