São Paulo, terça-feira, 14 de agosto de 2001

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BÁLCÃS

Governo concedeu mais direitos à minoria albanesa para tentar pôr fim a seis meses de hostilidades na Macedônia

Líderes macedônios e albaneses firmam acordo de paz

DA REDAÇÃO

O governo macedônio e líderes políticos de origem albanesa firmaram ontem um acordo de paz para tentar pôr fim a seis meses de hostilidades no país e evitar uma nova guerra nos Bálcãs.
Mediadores europeus e norte-americanos elogiaram a atitude da Macedônia, que concedeu mais direitos à minoria albanesa (equivalente a cerca de 30% da população) para reduzir a animosidade.
Parte dos macedônios, no entanto, viu com ceticismo o acordo, que aconteceu após uma das semanas mais sangrentas dos últimos seis meses.
Cerca de 30 das 100 mortes nos conflitos, principalmente de soldados e policiais macedônios, aconteceram na última semana.
Houve violações do cessar-fogo nos arredores de Skopje (capital) enquanto representantes da Otan (aliança militar ocidental, liderada pelos EUA) e da União Européia chegavam ao país para testemunhar a assinatura do acordo.
O presidente George W. Bush elogiou a ação diplomática. "É um bom sinal, mas agora eles [os guerrilheiros de origem albanesa" precisam depor as armas para que possamos implementar o acordo", afirmou.
O acordo foi aceito pela guerrilha, mas ela ainda deve entregar as armas à Otan. Além disso, é necessário discutir também uma eventual anistia para os rebeldes.

Mais direitos
O local e o horário da assinatura foram mantidos em segredo até o último momento porque o governo temia provocar protestos de macedônios que acreditam que o país fez concessões à minoria albanesa à força.
Segundo a UE e a Otan, o acordo era a única forma de reduzir o apoio a uma revolta que envolveu boa parte do norte da Macedônia e chegou aos arredores de Skopje.
O pacto dá à língua albanesa estatuto oficial limitado -a utilização do albanês será permitida no Parlamento, e as leis serão redigidas em macedônio e albanês. Garante ainda financiamento estatal para a educação da população de origem albanesa. A Universidade de Tetovo, em língua albanesa, será financiada parcialmente pelo Estado.
Deve aumentar também a participação de albaneses na polícia. Até 2003, ao menos mil cidadãos de etnia albanesa devem ser contratados pela polícia.
O acordo foi assinado na casa do presidente Boris Trajkovski, e a TV estatal não transmitiu o ato ao vivo. Participaram da cerimônia, além de Trajkovski, Arben Xhaferi e Imer Imeri, líderes dos dois principais partidos albaneses, o premiê Ljubco Georgievski, o secretário-geral da Otan, George Robertson, e o chefe da diplomacia da União Européia, Javier Solana.
Alguns líderes albaneses disseram que o governo não discutia como encerrar a discriminação em relação aos cidadãos de etnia albanesa até que guerrilheiros de origem albanesa do UCK-M -Exército de Libertação Nacional, da Macedônia- iniciaram um levante seis meses atrás, uma década depois de a Macedônia se tornar independente.
A Otan designou 3.500 soldados para coletar armas da guerrilha, incluindo morteiros, metralhadoras e lançadores de foguetes, mas a deposição de armas será voluntária e a missão deve acabar em 30 dias. "É improvável que os extremistas deponham as armas se o governo não demonstrar sua intenção de implementar o acordo", disse Robertson.
O Parlamento ainda deve ratificar o acordo para que ele possa ser implementado. A votação deve acontecer em até 45 dias, segundo o governo.


Com agências internacionais


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