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BÁLCÃS
Governo concedeu mais direitos à minoria albanesa para tentar pôr fim a seis meses de hostilidades na Macedônia
Líderes macedônios e albaneses firmam acordo de paz
DA REDAÇÃO
O governo macedônio e líderes
políticos de origem albanesa firmaram ontem um acordo de paz
para tentar pôr fim a seis meses de
hostilidades no país e evitar uma
nova guerra nos Bálcãs.
Mediadores europeus e norte-americanos elogiaram a atitude
da Macedônia, que concedeu
mais direitos à minoria albanesa
(equivalente a cerca de 30% da
população) para reduzir a animosidade.
Parte dos macedônios, no entanto, viu com ceticismo o acordo, que aconteceu após uma das
semanas mais sangrentas dos últimos seis meses.
Cerca de 30 das 100 mortes nos
conflitos, principalmente de soldados e policiais macedônios,
aconteceram na última semana.
Houve violações do cessar-fogo
nos arredores de Skopje (capital)
enquanto representantes da Otan
(aliança militar ocidental, liderada pelos EUA) e da União Européia chegavam ao país para testemunhar a assinatura do acordo.
O presidente George W. Bush
elogiou a ação diplomática. "É um
bom sinal, mas agora eles [os
guerrilheiros de origem albanesa"
precisam depor as armas para que
possamos implementar o acordo", afirmou.
O acordo foi aceito pela guerrilha, mas ela ainda deve entregar as
armas à Otan. Além disso, é necessário discutir também uma
eventual anistia para os rebeldes.
Mais direitos
O local e o horário da assinatura
foram mantidos em segredo até o
último momento porque o governo temia provocar protestos de
macedônios que acreditam que o
país fez concessões à minoria albanesa à força.
Segundo a UE e a Otan, o acordo era a única forma de reduzir o
apoio a uma revolta que envolveu
boa parte do norte da Macedônia
e chegou aos arredores de Skopje.
O pacto dá à língua albanesa estatuto oficial limitado -a utilização do albanês será permitida no
Parlamento, e as leis serão redigidas em macedônio e albanês. Garante ainda financiamento estatal
para a educação da população de
origem albanesa. A Universidade
de Tetovo, em língua albanesa, será financiada parcialmente pelo
Estado.
Deve aumentar também a participação de albaneses na polícia.
Até 2003, ao menos mil cidadãos
de etnia albanesa devem ser contratados pela polícia.
O acordo foi assinado na casa
do presidente Boris Trajkovski, e
a TV estatal não transmitiu o ato
ao vivo. Participaram da cerimônia, além de Trajkovski, Arben
Xhaferi e Imer Imeri, líderes dos
dois principais partidos albaneses, o premiê Ljubco Georgievski,
o secretário-geral da Otan, George Robertson, e o chefe da diplomacia da União Européia, Javier
Solana.
Alguns líderes albaneses disseram que o governo não discutia
como encerrar a discriminação
em relação aos cidadãos de etnia
albanesa até que guerrilheiros de
origem albanesa do UCK-M
-Exército de Libertação Nacional, da Macedônia- iniciaram
um levante seis meses atrás, uma
década depois de a Macedônia se
tornar independente.
A Otan designou 3.500 soldados
para coletar armas da guerrilha,
incluindo morteiros, metralhadoras e lançadores de foguetes, mas
a deposição de armas será voluntária e a missão deve acabar em 30
dias. "É improvável que os extremistas deponham as armas se o
governo não demonstrar sua intenção de implementar o acordo", disse Robertson.
O Parlamento ainda deve ratificar o acordo para que ele possa
ser implementado. A votação deve acontecer em até 45 dias, segundo o governo.
Com agências internacionais
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