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Americanos querem diálogo com Cuba
Pesquisa do instituto Zogby revela que 58% defendem negociações com Raúl Castro e 56% pedem o fim do embargo
Só 10% dos americanos conhecem Lula e 20%, Calderón; Venezuela é país mais influente da região, segundo entrevistados
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma pesquisa do instituto
Zogby e do centro de estudos
Diálogo Interamericano, de
Washington, revela que a maioria dos americanos (58%) defende a melhoria das relações
com Cuba e negociações com o
dirigente interino Raúl Castro.
Além disso, 56% defendem o
fim do embargo econômico e
das restrições para os americanos que queiram visitar a ilha.
O Zogby entrevistou 7.362
americanos no final de julho,
quando se completava um ano
sem Fidel Castro no comando
do regime comunista. Ontem
foi o 81º aniversário do ditador,
comemorado com eventos discretos em Havana.
"Até deputados que votam a
favor do embargo admitem privadamente que ele não funcionou. A maioria dos americanos
não entende por que o embargo
ainda existe, já que não temos
problema em fazer negócios
com China e Vietnã, entre outros regimes fechados", diz Michael Shifter, vice-presidente
do Diálogo Interamericano.
Outra conclusão da pesquisa
é que os americanos têm muito
mais conhecimento sobre os
adversários do que sobre os
aliados na América Latina
-88% dos americanos conhecem Fidel e 72%, Hugo Chávez.
Apenas 10% dos entrevistados se dizem familiarizados
com o nome do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva -69% admitem que não têm a menor
idéia de quem ele é. Até o vizinho mexicano, Felipe Calderón, é quase anônimo para
46%. Apenas 20% dizem estar
familiarizados com Calderón,
que assumiu em dezembro.
Venezuela influente
Para 35%, a Venezuela é o
país mais influente da América
Latina, acima de Brasil (19%) e
México (17%).
Mas os americanos ouvidos
demonstram confusão para
discernir quem é aliado ou não.
Depois de Cuba e Venezuela, a
pesquisa do Zogby revela que o
principal inimigo dos EUA na
região é a Colômbia, ironicamente governada pelo presidente mais fiel ao governo Bush
na região, Álvaro Uribe.
Também há confusão nas
respostas à pergunta "quem é o
maior aliado dos EUA na região?". Depois de México
(36%), Brasil (32%) e Costa Rica (24%), aparece a Argentina,
com 21%, em quarto lugar -
ainda que a relação de Néstor
Kirchner com Bush seja mínima, após os protestos organizados em Mar del Plata, na Cúpula das Américas, em 2006.
A Argentina é mais "amiga"
dos EUA, segundo os entrevistados, que Chile e Colômbia,
com apenas 11% cada um.
"Quem se opõe aos EUA recebe muito mais atenção da imprensa. Por mais que Uribe
combata o narcotráfico, ele é
virtualmente desconhecido
aqui", disse à Folha o diretor
do Zogby, Fritz Wenzel.
Em sintonia com o inferno
astral do governo Bush nos
EUA, 60% dos americanos criticam a política do governo republicano em relação à América Latina; 42% dos entrevistados acham que a ajuda americana à região deveria se concentrar no combate à pobreza e
ao desemprego, enquanto 35%
preferem o combate ao narcotráfico - a opção de Bush também em segundo lugar.
"Os latino-americanos poderiam fazer um trabalho muito
melhor para promover seus interesses nos EUA, mas o triste
é que os americanos estão cada
vez mais insulares e desinteressados do mundo, mesmo
após o 11 de Setembro. Só estão
mais ansiosos", diz Shifter.
"O nível de ignorância sobre
os líderes latino-americanos é
chocante, e não indica que as
relações hemisféricas possam
melhorar", lamenta.
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