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VENEZUELA
Presidente afirma que mídia faz campanha contra o país e que ridiculariza a Assembléia Constituinte
Chávez reclama de "campanha externa"
das agências internacionais
Após desestruturar a oposição e
conseguir a aprovação pela Assembléia Constituinte de projeto
que permite interferir nos três Poderes, o presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, voltou seu discurso
contra a imprensa estrangeira.
Em pronunciamento na noite
de anteontem, em que falou sobre
os 200 primeiros dias de seu governo, o presidente classificou de
"mentiras horrorosas" as críticas
a seu governo e ao processo constituinte veiculadas por meios de
comunicação de outros países.
Anteontem, a assembléia aprovou a reorganização dos poderes
públicos, medida que, na prática,
permite interferir no Executivo,
Legislativo e Judiciário.
A decisão contraria sentença da
Corte Suprema, segundo a qual a
assembléia foi eleita para redigir
uma nova Carta e deve respeitar a
Constituição em vigor. A decretação de "emergência nos poderes"
havia sido sugerida por Chávez à
assembléia. A coalizão que o
apóia tem 123 das 131 cadeiras.
No plano interno, os críticos do
presidente afirmam que ele quer
centralizar poderes e transformar
o país em um Estado militarizado.
No discurso, Chávez afirmou
haver detectado uma "espécie de
tentativa de desfiguração" a respeito do que está acontecendo na
Venezuela. "Alguns meios de comunicação na América Latina, na
América do Norte, na Europa, estão publicando coisas horrorosas,
cheias de mentiras", afirmou.
Chávez já havia criticado a imprensa em sua "segunda posse",
na quarta-feira. Ele havia colocado seu cargo à disposição da
constituinte e foi confirmado como presidente pela assembléia.
Segundo ele, a "revolução venezuelana" corre o risco de perecer
por estrangulação, pois seus inimigos tramam em foros internacionais contra a tomada de poder
absoluto pela constituinte.
"Há uma campanha selvagem
contra o país", pois no exterior se
transmitiria a idéia de que a assembléia é formada por "uma
horda de primitivos", disse Chávez, afirmando que o comparam
aos ditadores Hitler e Mussolini.
Entre os inimigos da revolução,
Chávez destacou o escritor peruano Mario Vargas Llosa. No domingo, em artigo publicado no
jornal espanhol "El País" com o título "O suicídio de uma nação", o
escritor disse que a Venezuela
corre perigo nas mãos de "salvadores da pátria".
Chávez não citou o nome de
Vargas Llosa, mas o identificou
como o "escritor latino-americano que contribui com a mentira".
O jornal "O Correio do Presidente", editado por Chávez, publicou artigo intitulado "As vacas
sagradas não descansam: Vargas
Llosa injuria a Venezuela", no
qual membros do governo e da
Assembléia Constituinte ligam o
romancista a uma campanha para desacreditar o país.
No discurso, Chávez destacou a
meta inflacionária para 99, entre
20% e 22% (98 teve índice de
37,6%). Também anunciou a
abertura de discussões com os setores da economia nacional e internacional para definir um novo
modelo produtivo, mas reafirmou sua luta contra o "neoliberalismo selvagem".
O discurso de Chávez vem afastando investidores. O país está em
crise, com desemprego de 15,6% e
retração de 9,8% do PIB.
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