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Igreja belga admite "erros do passado"
Declaração de arcebispo é resposta a relatório com testemunho de 473 vítimas de abusos sexuais por clérigos
Papa expressou "dor" após investigação, que revelou ainda o suicídio de 13 pessoas abusadas nos últimos 50 anos
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
A Igreja Católica da Bélgica reconheceu ontem os "erros do passado" na gestão de
abusos sexuais de crianças
por sacerdotes e disse querer
tirar lições do ocorrido.
Os comentários, feitos pelo arcebispo belga, Andre-Joseph Leonard, são resposta
ao relatório divulgado na
sexta-feira que apontou 475
denúncias de pedofilia ocorridos nos últimos 50 anos.
Leonard disse que a conclusão das investigações, feitas por comissão independente, geraram "um sentimento de raiva e de impotência" na igreja do país.
Ele se comprometeu a
prestar mais atenção às vítimas e anunciou planos de
um centro de reconciliação.
"O relatório e o sofrimento
que ele contém nos fizeram
tremer", disse. "Dos erros do
passado, queremos aprender
a lição necessária."
A investigação destaca
que ao menos 13 vítimas suicidaram-se por causa dos
abusos, que envolviam sexo
oral, anal e masturbação. A
maioria dos casos relatados
ocorreu nos anos 60 e 70.
O papa Bento 16 expressou
sua "dor" em relação à investigação, disse o porta-voz do
Vaticano, Federico Lombardi. "Naturalmente, o papa
sente muita dor depois da
publicação de um relatório
que revela mais de uma centena de testemunhos de vítimas de abusos sexuais."
O relatório foi o mais recente golpe contra a Igreja
Católica, atingida desde
2006 por denúncias de abusos na Irlanda, Alemanha,
Áustria, Holanda e EUA.
E foi revelado quando os
católicos da Bélgica ainda
sentem embaraço pela renúncia, em abril, do bispo de
Bruges, Roger Vangheluwe,
que admitiu ter abusado do
seu sobrinho.
IRLANDA
O "Guardian" revelou ontem que o inquérito do Vaticano sobre abusos na Irlanda
incluirá conversas com representantes das vítimas.
O inquérito foi anunciado
em carta do papa de março,
na qual ele expressou "vergonha" pela pedofilia praticada por sacerdotes no país.
Em 2009, investigação
concluiu que centenas de casos de abusos foram encobertos pelo arcebispo de Dublin durante décadas.
O inquérito terá início
após a visita do papa ao Reino Unido -onde Bento 16
chega na quinta-feira-, a segunda de um pontífice ao
país desde 1534.
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