São Paulo, terça-feira, 14 de setembro de 2010

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Igreja belga admite "erros do passado"

Declaração de arcebispo é resposta a relatório com testemunho de 473 vítimas de abusos sexuais por clérigos

Papa expressou "dor" após investigação, que revelou ainda o suicídio de 13 pessoas abusadas nos últimos 50 anos


DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A Igreja Católica da Bélgica reconheceu ontem os "erros do passado" na gestão de abusos sexuais de crianças por sacerdotes e disse querer tirar lições do ocorrido.
Os comentários, feitos pelo arcebispo belga, Andre-Joseph Leonard, são resposta ao relatório divulgado na sexta-feira que apontou 475 denúncias de pedofilia ocorridos nos últimos 50 anos.
Leonard disse que a conclusão das investigações, feitas por comissão independente, geraram "um sentimento de raiva e de impotência" na igreja do país.
Ele se comprometeu a prestar mais atenção às vítimas e anunciou planos de um centro de reconciliação.
"O relatório e o sofrimento que ele contém nos fizeram tremer", disse. "Dos erros do passado, queremos aprender a lição necessária."
A investigação destaca que ao menos 13 vítimas suicidaram-se por causa dos abusos, que envolviam sexo oral, anal e masturbação. A maioria dos casos relatados ocorreu nos anos 60 e 70.
O papa Bento 16 expressou sua "dor" em relação à investigação, disse o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi. "Naturalmente, o papa sente muita dor depois da publicação de um relatório que revela mais de uma centena de testemunhos de vítimas de abusos sexuais."
O relatório foi o mais recente golpe contra a Igreja Católica, atingida desde 2006 por denúncias de abusos na Irlanda, Alemanha, Áustria, Holanda e EUA.
E foi revelado quando os católicos da Bélgica ainda sentem embaraço pela renúncia, em abril, do bispo de Bruges, Roger Vangheluwe, que admitiu ter abusado do seu sobrinho.

IRLANDA
O "Guardian" revelou ontem que o inquérito do Vaticano sobre abusos na Irlanda incluirá conversas com representantes das vítimas.
O inquérito foi anunciado em carta do papa de março, na qual ele expressou "vergonha" pela pedofilia praticada por sacerdotes no país.
Em 2009, investigação concluiu que centenas de casos de abusos foram encobertos pelo arcebispo de Dublin durante décadas.
O inquérito terá início após a visita do papa ao Reino Unido -onde Bento 16 chega na quinta-feira-, a segunda de um pontífice ao país desde 1534.


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