|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Israel e palestinos retomam diálogo de olho no calendário
Congelamento imposto por Netanyahu para obras na Cisjordânia termina no dia 26 e é chave na negociação
Hillary Clinton será mediadora de encontro em balneário do Egito e depois segue para novas conversas em Jerusalém
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A HERZLYIA
As negociações de paz entre israelenses e palestinos
recomeçam em clima de desconfiança e desacordo. Mas
sob a expectativa de que o
primeiro diálogo direto em 21
meses quebre o impasse e
produza algum avanço.
Uma contagem regressiva
marca a reunião de cúpula de
hoje entre o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, e
Mahmoud Abbas, presidente
palestino, no balneário egípcio de Sharm el Sheikh.
No dia 26 termina o prazo
do congelamento imposto
por Israel sobre a expansão
de colônias judaicas nos territórios ocupados em 1967.
Os palestinos ameaçam
abandonar as negociações se
a moratória não for mantida,
o que Israel parece pouco inclinado a aceitar.
Uma tímida demonstração
de flexibilidade do premiê israelense foi recebida com
frieza pelos palestinos.
Netanyahu disse no domingo que o congelamento
poderá ser mantido parcialmente -contrariando boa
parte do seu gabinete conservador, que defende a retomada das construções e sem satisfazer a liderança palestina.
Segundo Bibi, como o premiê é conhecido, Israel não
retomará as obras em todas
as 20 mil casas já aprovadas
pelas autoridades na Cisjordânia, mas também não haverá "construção zero".
O veterano Nabil Shaath,
um dos principais negociadores palestinos, não viu motivo para mudar de posição.
"A não ser que haja um congelamento real da construção de assentamentos, não
poderemos continuar com as
negociações", disse Shaath.
Os jornais israelenses deram destaque a um suposto
entendimento entre israelenses e os mediadores americanos em torno de um meio termo, no qual o congelamento
seria mantido em princípio,
apenas com a conclusão das
obras já aprovadas.
Segundo um relatório do
grupo israelense Paz Agora,
estão nessa situação 2.066
casas, cuja construção deve
ser retomada assim que terminar a moratória.
A pressão sobre Israel aumentou com o discurso de
sexta-feira do presidente dos
EUA, Barack Obama, em que
contou ter pedido a Bibi que
mantenha a suspensão das
obras para dar uma chance
às negociações. A secretária
de Estado americana, Hillary
Clinton, participará da cúpula de hoje. No dia seguinte,
ela segue para Jerusalém.
Temendo que as negociações sejam totalmente dominadas pela contagem regressiva, Bibi quer colocar no topo da agenda a exigência de
que os palestinos reconheçam Israel como o lar nacional dos judeus.
"Eu não ouço o outro lado
dizer "dois Estados para duas
nações". Eu escuto "dois Estados", mas não "duas nações'", disse Bibi.
Mas os palestinos já deixaram bem claro que não atenderão a exigência, alegando
que o reconhecimento de Israel como Estado judeu colocaria em risco os árabes que
vivem em Israel. O grande temor, no entanto, é que o gesto enfraqueça a demanda futura pelo direito de retorno
e/ou reparação aos refugiados palestinos.
Texto Anterior: Foco: Berlusconi diz que mulheres devem casar por dinheiro Próximo Texto: Ex-chefes de inteligência se mostram céticos Índice | Comunicar Erros
|