DA REUTERS, EM BAGDÁ

O julgamento de Saddam Hussein começará dentro de cinco dias, segundo decisão anunciada ontem pelo tribunal encarregado do processo, mas detalhes práticos permanecem indefinidos, como a possível transmissão pela TV do testemunho que o ex-ditador dará em defesa própria.
O juiz Raad Jouhi, encarregado de reunir provas contra Saddam, deu ontem entrevista coletiva na qual, em respostas a perguntas que o submergiam, criou ainda mais incertezas.
Jouhi disse que o julgamento será "público". Emissoras de TV poderão transmiti-lo. Mas não está ainda claro se a transmissão será ao vivo. Seria o melhor cenário para Saddam, que então poderia se referir aos contatos privilegiados que mantinha nos Estados Unidos e na Europa e revelar os fornecedores de ingredientes para a produção de armas químicas, cujo uso lhe é agora incriminado.
O certo é que o ditador deposto comparecerá com sete outros réus na Primeira Vara do Tribunal Especial, dentro da Zona Verde de Bagdá, a partir de quarta-feira, dia 19. Diante dele estarão cinco juizes, e ele será julgado por crimes contra a humanidade.
Há ainda dúvidas sobre a presença física dos réus na abertura do processo. Jouhi disse ontem que eles compareceriam para a leitura inicial dos autos.
No primeiro processo, o ex-ditador será acusado de massacrar 140 civis xiitas em represália ao atentado malogrado contra sua vida, em 1982. Informantes do tribunal disseram que, se culpado, ele será certamente condenado à morte. Mas Jouhi disse que o tribunal, baseado na lei iraquiana, pode optar pela prisão perpétua.


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