São Paulo, domingo, 14 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

opinião

García quer capitanear anti-Alba

NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA

O presidente peruano, Alan García, nega. Mas publicações com forte inserção na América Latina, como o "Latin American Newsletter", de Londres, tratam como "contraponto" à Alternativa Bolivariana para as Américas, a Alba, de Hugo Chávez, o lançamento de novo bloco político e econômico batizado de "Arco Pacífico".
A idéia partiu de García e foi desenvolvida junto com a presidente do Chile, Michelle Bachelet, quando os dois participavam da cúpula da Apec (Fórum Econômico Ásia-Pacífico). Embora Peru e Chile ainda guardem ressentimentos originários de uma guerra no século 19, Bachelet e García aparentemente se entenderam.
A presidente chilena fala de iniciativa com o objetivo de desenvolver políticas econômicas e sociais de "modo coordenado". Ao Peru e Chile se juntariam México, Panamá e Canadá. O Arco Pacífico seria um meio de "proteção unificada" diante da Ásia, encarada como dona do futuro em termos de comércio e investimento.
Até aí nada com Chávez. Mas García foi além, colocando em circulação o que chama de "modelo social moderno". Seus "instrumentos de combate às desigualdades sociais" serão o livre comércio e investimentos. Algo que a "Latin American Newsletter" considera "diametralmente oposto" à Alba.
Em declarações a "El Comércio", decano da imprensa conservadora de Lima, García disse que o "internacional-messianismo" não é parte da política peruana. Descartou buscas de liderança ou de exportações de idéias. Defendeu acordos de livre comércio com os EUA envolvendo países que acreditam que investimentos e comércio sejam essenciais para o combate à pobreza. Aposta mais nisso do que "em modelos alternativos movidos a ideologias" - retórica claramente anti-Chávez.
Mas não está sem obstáculos o caminho que o Arco Pacífico terá de percorrer até se tornar realidade. Sentimentos de rejeição ao Chile continuam fortes no Peru, cuja capital chegou a ser ocupada pelos chilenos. As Forças Armadas do Chile têm feito manobras militares junto à fronteira, provocando reações iradas em Lima.
Quanto ao México, seu novo governo "preocupa" a direita americana, que por ora tem assento na Casa Branca. Reaproxima-se de Cuba e pode estender-se até a Venezuela.


O jornalista NEWTON CARLOS é analista de questões internacionais


Texto Anterior: Chávez cria Hollywood bolivariana para promover revolução
Próximo Texto: Artigo: Cobiça e perda no Iraque
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.