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opinião
García quer capitanear anti-Alba
NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
O presidente peruano,
Alan García, nega. Mas publicações com forte inserção na América Latina, como o "Latin American
Newsletter", de Londres,
tratam como "contraponto" à Alternativa Bolivariana para as Américas, a
Alba, de Hugo Chávez, o
lançamento de novo bloco
político e econômico batizado de "Arco Pacífico".
A idéia partiu de García
e foi desenvolvida junto
com a presidente do Chile,
Michelle Bachelet, quando os dois participavam da
cúpula da Apec (Fórum
Econômico Ásia-Pacífico).
Embora Peru e Chile ainda guardem ressentimentos originários de uma
guerra no século 19, Bachelet e García aparentemente se entenderam.
A presidente chilena fala de iniciativa com o objetivo de desenvolver políticas econômicas e sociais
de "modo coordenado".
Ao Peru e Chile se juntariam México, Panamá e
Canadá. O Arco Pacífico
seria um meio de "proteção unificada" diante da
Ásia, encarada como dona
do futuro em termos de
comércio e investimento.
Até aí nada com Chávez.
Mas García foi além, colocando em circulação o que
chama de "modelo social
moderno". Seus "instrumentos de combate às desigualdades sociais" serão
o livre comércio e investimentos. Algo que a "Latin
American Newsletter"
considera "diametralmente oposto" à Alba.
Em declarações a "El
Comércio", decano da imprensa conservadora de
Lima, García disse que o
"internacional-messianismo" não é parte da política
peruana. Descartou buscas de liderança ou de exportações de idéias. Defendeu acordos de livre comércio com os EUA envolvendo países que acreditam que investimentos e
comércio sejam essenciais
para o combate à pobreza.
Aposta mais nisso do que
"em modelos alternativos
movidos a ideologias" -
retórica claramente anti-Chávez.
Mas não está sem obstáculos o caminho que o Arco Pacífico terá de percorrer até se tornar realidade.
Sentimentos de rejeição
ao Chile continuam fortes
no Peru, cuja capital chegou a ser ocupada pelos
chilenos. As Forças Armadas do Chile têm feito manobras militares junto à
fronteira, provocando reações iradas em Lima.
Quanto ao México, seu
novo governo "preocupa"
a direita americana, que
por ora tem assento na Casa Branca. Reaproxima-se
de Cuba e pode estender-se até a Venezuela.
O jornalista NEWTON CARLOS é analista de questões internacionais
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