São Paulo, sábado, 14 de novembro de 2009

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Obama aceita rediscutir base americana em ilha japonesa

Concessão a demanda do novo premiê do Japão é anunciada durante visita a Tóquio

Intenção da Casa Branca, porém, é manter termos de acordo assinado em 2006 que prevê só deslocamento de um ponto a outro de ilha


DO "NEW YORK TIMES", EM TÓQUIO

Num esforço para reparar os estragos no relacionamento com o Japão, o mais importante aliado dos EUA na Ásia, o presidente Barack Obama anunciou ontem que estabeleceria um grupo de trabalho de alto nível para tratar da continuação da presença de fuzileiros navais americanos numa base na ilha de Okinawa.
A decisão de ao menos considerar as preocupações japonesas, anunciada durante visita a Tóquio, parece representar uma concessão do governo Obama. Ela vem menos de um mês após o secretário da Defesa, Robert Gates, fechar as portas à renegociação de um acordo selado em 2006 para transferir a base para uma região menos povoada da ilha.
A visita de Obama vem num momento no qual os dois aliados enfrentam mudanças em seu relacionamento, e em que o pemiê japonês Yukio Hatoyama, recém-eleito, procura por uma "parceria mais igual". Ontem, os dois líderes enfatizaram a importância do elo entre os países e ressaltaram que os dois lados têm muitas posições em comum. Falando ao lado de Obama, Hatoyama declarou que "nós nos tratamos por Barack e Yukio, e estamos acostumados a usar os prenomes".
Mas funcionários da Casa Branca afirmaram que os EUA haviam concordado apenas em conversar "sobre a implementação" do acordo quanto a Okinawa, e disseram que não esperam grandes mudanças na forma geral do acordo, que envolve também a transferência de 8.000 fuzileiros navais para o território americano de Guam. Especialistas em política japonesa indicaram que o estabelecimento de um grupo de trabalho provavelmente representa apenas uma maneira de permitir que Hatoyama alegue ao povo japonês que está mantendo sua promessa de campanha sobre a questão.
Em 2006, os EUA aceitaram um acordo que envolveria a transferência de milhares de militares para Guam e a transferência da base dos fuzileiros navais para outra região de Okinawa. Mas Hatoyama, em sua campanha eleitoral, prometeu que a base aérea sairia da ilha.
"É fato que esse assunto foi tema de campanha, e que os moradores de Okinawa têm fortes expectativas", disse Hatoyama, ao explicar por que está determinado a retomar o assunto. "Será uma questão muito difícil de resolver, mas, se deixarmos o tempo passar, a dificuldade só crescerá."
Em visita ao Japão no mês passado, Gates expressou de forma firme a frustração americana diante da recusa do governo Hatoyama em recuar quanto às promessas de campanha sobre a base em Okinawa. Ele pressionou Hatoyama e as Forças Armadas japonesas a manterem seu compromisso quanto aos acordos militares.
Ontem, os EUA também pareceram ceder quanto a outra questão contenciosa da aliança, aceitando a promessa de Hatoyama de US$ 5 bilhões em assistência ao Afeganistão, em contrapartida à decisão de encerrar a missão de reabastecimento pela Marinha japonesa a navios que atuam na guerra.
Obama disse que a promessa "sublinha o papel proeminente" do Japão no esforço internacional no Afeganistão.


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