São Paulo, domingo, 14 de novembro de 2010

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Agência oferece cruzar fronteira por R$ 75

DO ENVIADO À PROVÍNCIA DE GUANGXI

A Agência de Tradução para o Vietnamita Huan Zho, no centro de Dongxing, montada num pequeno sobrado, serve de fachada para um esquema de tráfico ilegal de vietnamitas para o país.
Na última quarta-feira, a reportagem da Folha visitou o escritório da agência simulando interesse em contratar 20 trabalhadores para uma fábrica de sapatos.
A gerente do local, uma vietnamita que se apresentou apenas como Mei, ofereceu três opções: ilegal, uma "semilegal" e outra completamente legal.
O esquema mais barato e arriscado é, claro, o ilegal: os vietnamitas cruzam em barcos pelo pequeno e tranquilo rio Beilu e são embarcados em ônibus por estradas secundárias até a fábrica.
O custo do recrutamento e da travessia varia de R$ 75 a R$ 126 por cabeça. Há ainda um valor a ser pago pelo transporte até a fábrica, mas ela declarou que precisaria de mais tempo para poder fazer uma cotação.
O "semiclandestino" se parece à forma como muitos brasileiros emigram para os EUA: os vietnamistas tiram um visto de turista para a China e viajam normalmente. O visto expira, mas eles continuam no país.
Preço: R$ 201, se for necessário tirar visto e passaporte. O valor cai para R$ 126 se o trabalhador precisar apenas da autorização de entrada.
A terceira forma, mais cara, envolve a emissão de um visto de seis meses.
Custa ao menos R$ 201, se o trabalhador já tiver o passaporte. O problema é que, depois desse período, ele cruza a fronteira de volta.
Em todos os casos, o empregador desconta o custo da travessia e do transporte no salário do imigrante.
A reportagem da Folha conversou ainda com o "cabeça de cobra" (versão local dos "coiotes" mexicanos) Wei Shandong.
Ele explicou que trabalha com agenciadores vietnamitas, que escolhem trabalhadores de acordo com o tipo de fábrica e os enviam à China. Os preços dados por ele são semelhantes aos da "agência de tradução".
O principal destino é a província de Guangdong, onde um vietnamita ganha, em média, 1.200 yuans, o equivalente a R$ 303 por mês.
Já um operário chinês tem salário inicial de R$ 504 na mesma região, o principal polo de exportação da indústria da China. (FM)


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