São Paulo, domingo, 14 de novembro de 2010

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"Eu queria ficar, mas não é fácil", conta boia-fria

DO ENVIADO À PROVÍNCIA DE GUANGXI

Foram quatro horas de negociação até a boia-fria vietnamita Lê Etang aceitar falar com a Folha. Como a maioria dos imigrantes ilegais na China, ela dorme no trabalho e quase nunca sai às ruas por medo de ser deportada.
Há três anos, ela e seu marido cruzam juntos a fronteira a pé e depois viajam seis horas de ônibus até a região de Ningming, coberta de plantações de cana, onde trabalham por até cinco meses.
Não vão sós: segundo estimativas do governo de Guangxi, ao menos 10 mil vietnamitas fizeram o mesmo apenas nos quatro primeiros meses deste ano.
Lê conta que recebe R$ 13 por jornadas de 8 horas, mas gasta R$ 5 diários para comer e dormir no dormitório fornecido pelos agricultores. No ano passado, diz ter economizado R$ 1.033 nos quatro meses em que trabalhou.
No Vietnã, afirma, ela recebe apenas de R$ 2,5 a R$ 5 por dia de trabalho.
"Eu queria ficar, mas não é fácil. Vir aqui é a única forma de conseguir um dinheiro extra", disse Lê, em entrevista dentro de uma oficina mecânica para evitar a rua. Ela não se deixou fotografar.
Há pouco um país essencialmente agrário, a China hoje tem metade da sua população morando nas cidades, resultado dos jovens da área rural que passaram a trabalhar nas fábricas. Dez anos atrás, só 36% dos chineses habitavam a zona urbana.(FM)


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