São Paulo, segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

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Obama defende data de saída do Afeganistão

Presidente dos EUA diz que há no país asiático corrente que quer transformá-lo em protetorado americano e repele a ideia

Democrata cobra maior cooperação de Wall Street para aprovar regulação do sistema financeiro em entrevista ao "60 Minutes"

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, Barack Obama, defendeu, em entrevista que iria ao ar ontem na TV americana no programa "60 Minutes", o prazo para início da retirada do Afeganistão em julho de 2011. Segundo Obama, é importante passar a mensagem de que o compromisso dos EUA com o Afeganistão não é sem data para terminar.
"Se não houvesse uma data-limite, seria como enviar aos afegãos a mensagem de que as coisas seguem como sempre e que o compromisso não tem uma data-limite", disse.
De acordo com o presidente, existem grupos no Afeganistão que ficariam satisfeitos caso o país se transformasse em um protetorado permanente americano, o que significaria, na prática, que esses grupos não teriam de arcar com despesas de segurança.
A definição de um prazo para retirada em 2011 acirrou as críticas de republicanos no Congresso. O senador republicano John McCain, ex-candidato à Presidência derrotado por Obama nas urnas em 2008, afirmou que era ilógico anunciar o envio de 30 mil soldados ao país e logo em seguida dizer que eles voltariam em 2011.
Representantes do governo defenderam a revisão da estratégia no Afeganistão em depoimento no Congresso. Durante a sessão, o secretário da Defesa, Robert Gates, afirmou que 2011 era um prazo de referência e que no final do próximo ano será feita uma nova avaliação para verificar os avanços e definir o ritmo de retirada das tropas.
Já o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, disse que o país com muito esforço poderia começar a assumir sua própria segurança em cinco anos e arcar pelos custos de segurança num horizonte de 20 anos.
Esta foi a primeira entrevista exclusiva de Obama após o discurso em West Point em que anunciou o envio de mais soldados após três meses de revisão da estratégia adotada pelos EUA no conflito.

Crítica aos bancos
Na agenda doméstica, o presidente cobrou maior cooperação de Wall Street para a aprovação da reforma de regulação do sistema financeiro. As declarações, divulgadas na véspera de um encontro do governo com os grandes bancos, deve aumentar ainda mais a tensão com o setor financeiro, contrário ao aumento da regulação e à interferência do governo.
"O que realmente está me frustrando agora é que esses mesmos bancos que se beneficiaram dos recursos do contribuinte estão lutando com unhas e dentes com seus lobistas no Congresso, lutando contra a reforma do sistema regulatório", disse.
Segundo Obama, os banqueiros ainda não entendem a revolta da população com a notícia de que instituições que receberam socorro financeiro do governo pretendem pagar vultosos bônus a seus executivos. "Não concorri à Presidência para ajudar um bando de banqueiros gordos de Wall Street".
Para o presidente, em alguns casos parece que a pressa de devolver o dinheiro emprestado pelo governo é justamente poder fugir das restrições e premiar os executivos com bônus.


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