São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

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Governador boliviano se refugia

Manifestantes prometem cercar Cochabamba hoje para forçar renúncia de Reyes Villa, que está em Santa Cruz

Protestos já deixaram dois mortos; Reyes Villa diz que vai se submeter a referendo revogatório sugerido por Morales e se diz ameaçado

DA REDAÇÃO

Após uma semana de violentos protestos por sua renúncia, o governador do Estado boliviano de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, se refugiou no Estado de Santa Cruz alegando que sua vida "corre perigo" e que não há "condições de negociar" com o governo de Evo Morales. O governo federal exige que as discussões ocorram em Cochabamba, e o governador quer que elas aconteçam em Santa Cruz.
Os movimentos pró-Morales, que pedem a renúncia de Reyes Villa desde a última segunda, prometem promover hoje um novo cerco à cidade, bloqueando seus principais pontos de acesso. "Não se pode permitir que Reyes Villa volte a tomar o controle do governo [do Estado]", disse Omar Fernández, um dos líderes do protesto, ao jornal "La Razón".
O governador afirmara na véspera que se submeteria a um referendo popular sobre sua manutenção no cargo -no mesmo dia, o presidente Morales propusera a criação de uma lei que abrisse a possibilidade de convocar consultas populares para revogar os mandatos de prefeitos, governadores e o seu próprio.
Ontem, Morales qualificou os pedidos de renúncia de "legítimos mas não legais" e acusou o opositor de conspirar contra seu governo, "se armar" e "estar envolvido em corrupção".
Reyes Villa passou o dia ontem em Santa Cruz, para onde viajara na sexta para se encontrar com representantes da Igreja Católica e discutir uma saída para a crise, que culminou, na quinta, na morte de duas pessoas -um simpatizante de Morales e outro do governador-e em 130 feridos.
"Estou esperando que sejam dadas garantias para a minha volta. Eles [os grupos pró-Morales] querem que eu vá à cidade para me encurralar, e o governo vai dizer que as bases se sobrepuseram. O que querem é que eu negocie a redação da minha renúncia", disse o governador em entrevista ao jornal "El Deber", de Santa Cruz. "Estou decidido a me submeter [ao referendo revogatório] e peço ao presidente que também o faça."
Reyes Villa disse não ter previsão de quando voltará a Cochabamba.
A onda de protestos foi detonada depois que o governador anunciou a decisão de convocar um novo referendo pedindo maior autonomia em relação ao governo federal. Na noite de sexta, no entanto, ele acabou desistindo da convocação.
A consulta seria a segunda sobre o tema desde julho, quando houve um referendo nacional. Na ocasião, o "sim" ganhou em quatro Estados bolivianos -mas não em Cochabamba. Morales recusou-se a levar o tema à Constituinte porque o "não" somou mais votos no país. Seis dos nove Estados bolivianos são governados pela oposição a Morales.

Nacionalização
Sem dar detalhes, Morales, no Equador para a posse de Rafael Correa, afirmou que continuará "recuperando" os recursos naturais bolivianos para o Estado após a nacionalização dos hidrocarbonetos e do gás natural, no ano passado.
"Temos [a América Latina] de acabar com o modelo neoliberal, recuperar e nacionalizar os recursos naturais", declarou.


Com agências internacionais


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