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Governador boliviano se refugia
Manifestantes prometem cercar Cochabamba hoje para forçar renúncia de Reyes Villa, que está em Santa Cruz
Protestos já deixaram dois mortos; Reyes Villa diz que vai se submeter a referendo revogatório sugerido por Morales e se diz ameaçado
DA REDAÇÃO
Após uma semana de violentos protestos por sua renúncia,
o governador do Estado boliviano de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, se refugiou no
Estado de Santa Cruz alegando
que sua vida "corre perigo" e
que não há "condições de negociar" com o governo de Evo
Morales. O governo federal exige que as discussões ocorram
em Cochabamba, e o governador quer que elas aconteçam
em Santa Cruz.
Os movimentos pró-Morales, que pedem a renúncia de
Reyes Villa desde a última segunda, prometem promover
hoje um novo cerco à cidade,
bloqueando seus principais
pontos de acesso. "Não se pode
permitir que Reyes Villa volte a
tomar o controle do governo
[do Estado]", disse Omar Fernández, um dos líderes do protesto, ao jornal "La Razón".
O governador afirmara na
véspera que se submeteria a
um referendo popular sobre
sua manutenção no cargo -no
mesmo dia, o presidente Morales propusera a criação de uma
lei que abrisse a possibilidade
de convocar consultas populares para revogar os mandatos
de prefeitos, governadores e o
seu próprio.
Ontem, Morales qualificou
os pedidos de renúncia de "legítimos mas não legais" e acusou
o opositor de conspirar contra
seu governo, "se armar" e "estar envolvido em corrupção".
Reyes Villa passou o dia ontem em Santa Cruz, para onde
viajara na sexta para se encontrar com representantes da
Igreja Católica e discutir uma
saída para a crise, que culminou, na quinta, na morte de
duas pessoas -um simpatizante de Morales e outro do governador-e em 130 feridos.
"Estou esperando que sejam
dadas garantias para a minha
volta. Eles [os grupos pró-Morales] querem que eu vá à cidade para me encurralar, e o governo vai dizer que as bases se
sobrepuseram. O que querem é
que eu negocie a redação da minha renúncia", disse o governador em entrevista ao jornal "El
Deber", de Santa Cruz. "Estou
decidido a me submeter [ao referendo revogatório] e peço ao
presidente que também o faça."
Reyes Villa disse não ter previsão de quando voltará a Cochabamba.
A onda de protestos foi detonada depois que o governador
anunciou a decisão de convocar
um novo referendo pedindo
maior autonomia em relação ao
governo federal. Na noite de
sexta, no entanto, ele acabou
desistindo da convocação.
A consulta seria a segunda
sobre o tema desde julho, quando houve um referendo nacional. Na ocasião, o "sim" ganhou
em quatro Estados bolivianos
-mas não em Cochabamba.
Morales recusou-se a levar o tema à Constituinte porque o
"não" somou mais votos no
país. Seis dos nove Estados bolivianos são governados pela
oposição a Morales.
Nacionalização
Sem dar detalhes, Morales,
no Equador para a posse de Rafael Correa, afirmou que continuará "recuperando" os recursos naturais bolivianos para o
Estado após a nacionalização
dos hidrocarbonetos e do gás
natural, no ano passado.
"Temos [a América Latina]
de acabar com o modelo neoliberal, recuperar e nacionalizar
os recursos naturais", declarou.
Com agências internacionais
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