São Paulo, quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

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ONG pede que Obama puna crimes de Bush

Para Human Rights Watch, só revisão na ação antiterror dará à futura Casa Branca estatura para defender direitos humanos

Para informe, incongruência de EUA e UE na área deixa que Rússia e China aleguem soberania para acobertar abusos próprios e de aliados

DA REDAÇÃO

Em relatório anual divulgado ontem, a ONG Human Rights Watch (HRW) cobra do futuro presidente americano, Barack Obama, uma profunda revisão da estratégia de combate ao terrorismo para reverter o que vê como legado dos anos Bush no setor: o uso pelos EUA, acompanhados oportunamente por países como China, Rússia e Índia, do conceito de soberania para bloquear foros multilaterais de direitos humanos e omitir-se sobre abusos cometidos por eles próprios e aliados.
Obama deve abandonar "a política de hipersoberania", diz Kenneth Roth, diretor-executivo da HRW, investigar e punir as violações cometidas pelo atual governo e não calar sobre as feitas por países considerados parceiros na luta contra o terrorismo. Só assim terá autoridade moral para estabelecer uma agenda de defesa de direitos humanos e retomar a iniciativa do setor.
Atualmente, as "frequentes debilidade e incongruência" de EUA e União Europeia na questão abrem espaço para a ação enérgica e "sabotadora" de Rússia e China, por exemplo. O texto acusa Bush de ser responsável pelo retrocesso da discussão sobre direitos humanos nos fóruns internacionais a patamares anteriores à Declaração Universal de Direitos Humanos, que fez 60 anos em 2008.
"China, Rússia e Índia adoram escutar que EUA rejeitam as críticas a direitos humanos por razões de soberania."
Para a ONG, esses países, e também a África do Sul, defendem que cada um faça o que quiser, "imitam a linguagem do anticolonialismo", invocam a solidariedade Sul-Sul, mas na verdade se aliam a opressores e não às vítimas do sul.
A ONG, que analisou a situação de 90 países, critica ainda Israel pelo bloqueio econômico a Gaza -o estudo não analisa a guerra- e diz que forças palestinas torturaram prisioneiros em interrogatórios, na disputa entre o grupo fundamentalista Hamas e o laico Fatah. No Afeganistão, a situação é a pior desde a queda do regime do Taleban, em 2001, segundo a HRW.
Na América Latina, a HRW ataca o alto número de execuções sumárias na Colômbia, diz que Cuba é o único país a punir dissidentes políticos e critica o Brasil por abusos contra presidiários e contra indígenas. Elogia, porém, a ação de Argentina, Uruguai e Costa Rica nos foros mundiais sobre o tema.


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