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ONG pede que Obama puna crimes de Bush
Para Human Rights Watch, só revisão na ação antiterror dará à futura Casa Branca estatura para defender direitos humanos
Para informe, incongruência de EUA e UE na área deixa que Rússia e China aleguem soberania para acobertar abusos próprios e de aliados
DA REDAÇÃO
Em relatório anual divulgado
ontem, a ONG Human Rights
Watch (HRW) cobra do futuro
presidente americano, Barack
Obama, uma profunda revisão
da estratégia de combate ao
terrorismo para reverter o que
vê como legado dos anos Bush
no setor: o uso pelos EUA,
acompanhados oportunamente por países como China, Rússia e Índia, do conceito de soberania para bloquear foros multilaterais de direitos humanos e
omitir-se sobre abusos cometidos por eles próprios e aliados.
Obama deve abandonar "a
política de hipersoberania", diz
Kenneth Roth, diretor-executivo da HRW, investigar e punir
as violações cometidas pelo
atual governo e não calar sobre
as feitas por países considerados parceiros na luta contra o
terrorismo. Só assim terá autoridade moral para estabelecer
uma agenda de defesa de direitos humanos e retomar a iniciativa do setor.
Atualmente, as "frequentes
debilidade e incongruência" de
EUA e União Europeia na questão abrem espaço para a ação
enérgica e "sabotadora" de
Rússia e China, por exemplo. O
texto acusa Bush de ser responsável pelo retrocesso da discussão sobre direitos humanos nos
fóruns internacionais a patamares anteriores à Declaração
Universal de Direitos Humanos, que fez 60 anos em 2008.
"China, Rússia e Índia adoram escutar que EUA rejeitam
as críticas a direitos humanos
por razões de soberania."
Para a ONG, esses países, e
também a África do Sul, defendem que cada um faça o que
quiser, "imitam a linguagem do
anticolonialismo", invocam a
solidariedade Sul-Sul, mas na
verdade se aliam a opressores e
não às vítimas do sul.
A ONG, que analisou a situação de 90 países, critica ainda
Israel pelo bloqueio econômico
a Gaza -o estudo não analisa a
guerra- e diz que forças palestinas torturaram prisioneiros
em interrogatórios, na disputa
entre o grupo fundamentalista
Hamas e o laico Fatah. No Afeganistão, a situação é a pior desde a queda do regime do Taleban, em 2001, segundo a HRW.
Na América Latina, a HRW
ataca o alto número de execuções sumárias na Colômbia, diz
que Cuba é o único país a punir
dissidentes políticos e critica o
Brasil por abusos contra presidiários e contra indígenas. Elogia, porém, a ação de Argentina,
Uruguai e Costa Rica nos foros
mundiais sobre o tema.
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