São Paulo, quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

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UE sobe tom com Moscou e Kiev

Falta de gás leva bloco a ameaçar processos contra estatais energéticas da Rússia e da Ucrânia

Governantes de países mais afetados reúnem-se com líderes russo e ucraniana e pedem solução por "reféns"; Medvedev propõe encontro

DA REDAÇÃO

A União Europeia elevou o tom ontem contra a Rússia e a Ucrânia na crise do gás e ameaçou recorrer aos tribunais devido ao corte no fornecimento -que entrou na segunda semana- no auge do inverno. Líderes dos países mais afetados viajaram a Moscou e Kiev para exortar os respectivos governos a normalizar o suprimento.
O presidente da Comissão Europeia -órgão executivo da UE-, José Manuel Durão Barroso, disse que a crise é "inaceitável e inacreditável". Barroso advertiu as estatais energéticas Gazprom (Rússia) e Naftogaz (Ucrânia) de que incitará suas contrapartes europeias a processá-las caso o fornecimento de gás não seja restabelecido.
"Se o acordo [do dia 12, que previa para anteontem o restabelecimento do envio de gás] não for honrado, significa que Rússia e Ucrânia não podem mais ser considerados parceiros confiáveis para a UE em assuntos de suprimento de energia", disse ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França).

Encontros
Os premiês de Bulgária, Eslováquia e Moldova reuniram-se com os seus homólogos Vladimir Putin e Yulia Tymoshenko em Moscou e Kiev, respectivamente. "Milhões de europeus sentem-se como reféns e estão realmente sofrendo", disse a Putin o búlgaro Sergei Stanishev, cujo país não tem acesso a rota alternativa de suprimento e enfrentou ontem -21C. "O problema não é nosso. O problema é do país de trânsito, que deve resolver isso", disse Putin.
O presidente russo, Dmitri Medvedev, propôs para sábado um encontro em Moscou com a UE, os países consumidores de fora do bloco e todos os países-trânsito, incluindo a Ucrânia.
A premiê Tymoshenko defendeu que os próprios governos russo e ucraniano envolvam-se na busca de uma solução. Até agora, as negociações são realizadas pela Gazprom e pela Naftogaz, protagonistas da disputa que envolve os preços do gás russo e do transporte ucraniano e dívida contestada por Kiev (veja texto abaixo).
A Rússia cortou o suprimento de gás aos países europeus no dia 7, acusando a Ucrânia -a quem já havia parado de fornecer no dia 1º, devido ao impasse comercial- de desviar o fluxo para o mercado interno.
Na segunda, Moscou e Kiev anunciaram acordo para restabelecer o envio -à Europa, não à Ucrânia. A Rússia reabriu as válvulas anteontem, mas o gás ficou retido na Ucrânia devido a, diz Kiev, exigências técnicas russas "inviáveis".
A UE importa 25% do gás que consome da Rússia (80% via Ucrânia).


Com agências internacionais


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