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São Paulo, sábado, 15 de fevereiro de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Inspetor diz não haver sinais de armas de destruição em massa, mas aponta problemas que alimentam argumentos para guerra

Relatório de Blix mantém impasse na ONU

DA REDAÇÃO

O chefe das inspeções de armas da ONU, o sueco Hans Blix, disse ontem ao Conselho de Segurança (CS) não ter encontrado provas da existência de armas de destruição em massa no Iraque. Ele voltou a dizer, porém, que o Iraque precisa colaborar mais, apresentando provas de que se desarmou.
A sua posição ambígua deve alimentar a divisão entre os países-membros do CS. Aqueles que defendem o uso da força contra o regime de Saddam Hussein (EUA e Reino Unido) dizem que o veredicto de Blix reforça seus argumentos de que Bagdá não pretende se desarmar.
Os opositores à guerra -como França, Rússia, China e Alemanha- encontraram nas palavras de Blix a confirmação de que as inspeções estão funcionando e devem continuar.
Segundo Blix, Bagdá ainda não revelou o paradeiro de mil toneladas de armas não-convencionais. Além disso, análise sobre mísseis encontrados revelou que eles têm alcance superior aos 150 km permitidos por resoluções da ONU.
"As questões do antraz, do agente nervoso VX e dos mísseis de longo alcance são talvez o problema mais importante que encontramos", afirmou Blix. "Se existem, precisam ser entregues para serem destruídos. Se não existem, provas devem ser apresentadas."
Mas Blix enfatizou que suas equipes têm livre acesso no Iraque -em 11 semanas, realizaram 400 missões em 300 localidades. O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o egípcio Mohamed El Baradei, disse não ter encontrado provas de um programa nuclear iraquiano.

Powell questionado
Blix levantou dúvidas sobre os documentos apresentados ao CS pelo secretário de Estado americano, Colin Powell.
Ele disse que imagens de satélite apresentadas numa suposta fábrica de armas poderia ser "atividade de rotina".
O tom da apresentação de Blix foi mais otimista que o adotado em sua ida ao CS em 27 de janeiro. Ele afirmou que a capacidade dos inspetores de buscar as armas iraquianas melhorou com o uso de helicópteros e aviões espiões, entre outros equipamentos.
A seu ver, "o período de desarmamento por meio de inspeções pode ser curto, caso haja cooperação imediata, ativa e incondicional com a Unmovic (Comissão de Monitoramento, Verificação e Inspeção da ONU) e a AIEA".
EUA e Reino Unido ameaçam atacar o Iraque. Sustentam que Bagdá viola a resolução 1441 do CS, que determina o seu desarmamento e prevê "sérias consequências" em caso de violação.


Com agências internacionais


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