São Paulo, sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ditador proíbe contestação das eleições

DO ENVIADO ESPECIAL

Depois de um silêncio estratégico, visto no meio político paquistanês como sinal de que um acordo de bastidores com a oposição pode estar sendo costurado, o ditador Pervez Musharraf elevou o tom e disse ontem que "não irá permitir" contestações do resultado das eleições de segunda "nas ruas".
"Na nossa situação de extremismo e terrorismo, nenhuma agitação, anarquia ou caos pode ser aceitável. Eles [a oposição] não devem acreditar que trarão pessoas para as ruas após a eleição. Nada disso será permitido. Se vocês ganharem, não mostrem arrogância, mostrem graça. Se perderem, aceitem o resultado", disse, classificando o pleito parlamentar de "a mãe de todas as eleições".
O sinal contraditório é típico da política de Musharraf, um general que tomou o poder em um golpe em 1999 e transformou o Paquistão num híbrido de ditadura militar e democracia, embora o pêndulo tenha ido para o lado autoritário após a crise do ano passado -quando ele destituiu a cúpula do Judiciário que era contrária ao seu governo e impôs restrições às liberdades civis.
O recado sobre manifestações foi dado aos principais líderes opositores que participam do pleito, Nawaz Sharif e Asif Ali Zardari - viúvo da ex-premiê assassinada Benazir Bhutto, que tem controle apenas parcial de seu partido. Zardari já disse que o PPP, sua sigla, fará protestos extremos se a eleição for fraudada -ou, em sua visão, se a oposição não vencer.
O ditador exortou institutos de pesquisa estrangeiros a não "incitarem problemas", referência indireta a duas pesquisa, uma do Instituto Republicano Internacional (EUA) e outra da BBC (Reino Unido), mostrando mínimo apoio a Musharraf.
O presidente falou ontem em um seminário, sem direito a perguntas, na TV estatal. Ele voltou a dizer que as eleições serão "livres", pois "o mundo está assistindo".
Os cerca de mil observadores internacionais e jornalistas esperados obtêm suas credenciais de trabalho só após entrevistas pessoais com oficiais de segurança do Ministério do Interior, processo que pode durar até três dias. Há proibições de visitas às áreas mais conflituosas do país, como as regiões tribais, mas até aqui não se tem notícia de veto a credenciais. (IG)


Texto Anterior: Dois mil desaparecem sob Musharraf
Próximo Texto: Putin ficará no poder "por muito tempo" como premiê
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.