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Ditador proíbe contestação das eleições
DO ENVIADO ESPECIAL
Depois de um silêncio estratégico, visto no meio político paquistanês como sinal
de que um acordo de bastidores com a oposição pode estar sendo costurado, o ditador Pervez Musharraf elevou
o tom e disse ontem que "não
irá permitir" contestações
do resultado das eleições de
segunda "nas ruas".
"Na nossa situação de extremismo e terrorismo, nenhuma agitação, anarquia ou
caos pode ser aceitável. Eles
[a oposição] não devem acreditar que trarão pessoas para
as ruas após a eleição. Nada
disso será permitido. Se vocês ganharem, não mostrem
arrogância, mostrem graça.
Se perderem, aceitem o resultado", disse, classificando
o pleito parlamentar de "a
mãe de todas as eleições".
O sinal contraditório é típico da política de Musharraf, um general que tomou o
poder em um golpe em 1999
e transformou o Paquistão
num híbrido de ditadura militar e democracia, embora o
pêndulo tenha ido para o lado autoritário após a crise do
ano passado -quando ele
destituiu a cúpula do Judiciário que era contrária ao
seu governo e impôs restrições às liberdades civis.
O recado sobre manifestações foi dado aos principais
líderes opositores que participam do pleito, Nawaz Sharif e Asif Ali Zardari - viúvo
da ex-premiê assassinada
Benazir Bhutto, que tem
controle apenas parcial de
seu partido. Zardari já disse
que o PPP, sua sigla, fará protestos extremos se a eleição
for fraudada -ou, em sua visão, se a oposição não vencer.
O ditador exortou institutos de pesquisa estrangeiros
a não "incitarem problemas", referência indireta a
duas pesquisa, uma do Instituto Republicano Internacional (EUA) e outra da BBC
(Reino Unido), mostrando
mínimo apoio a Musharraf.
O presidente falou ontem
em um seminário, sem direito a perguntas, na TV estatal.
Ele voltou a dizer que as eleições serão "livres", pois "o
mundo está assistindo".
Os cerca de mil observadores internacionais e jornalistas esperados obtêm suas
credenciais de trabalho só
após entrevistas pessoais
com oficiais de segurança do
Ministério do Interior, processo que pode durar até três
dias. Há proibições de visitas
às áreas mais conflituosas do
país, como as regiões tribais,
mas até aqui não se tem notícia de veto a credenciais.
(IG)
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