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governo
"O que há aqui é um processo de revolução"
DE CARACAS
Membro do núcleo duro
chavista, o vice-presidente
do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela)
para a região de Caracas,
Aristóbulo Istúriz, diz que
a restrição à reeleição "limita a soberania do povo".
Leia trechos de sua entrevista à Folha.
(FM)
FOLHA - Por que voltar a propor a reeleição indefinida?
ARISTÓBULO ISTÚRIZ - Neste
momento, não estamos
propondo a reeleição indefinida. Na Constituição,
aprovamos o artigo cinco,
pelo qual a soberania reside intransferivelmente no
povo. Mas colocamos uma
limitação, um fim no período de exercício dos cargos de eleição popular. Cometemos um erro ao aprovar um artigo que limitava
a soberania do povo.
FOLHA - Por que Chávez é o
único candidato em 2012?
ISTÚRIZ - Na Venezuela,
não há período de governo
normal, tradicional, conhecido na democracia representativa como um período de governo. Não há
programa de governo, e
sim processo revolucionário. É um processo de
transformação da sociedade. Em democracia, sem
sangue, com liberdades.
Isso requer tempo. Para
fazer as mudanças em paz,
é preciso ter uma maioria
contundente. E essa maioria é garantida pela liderança. Chávez une o que é
diverso, o povo. Estamos
em transição, as mudanças não terminaram, precisamos reter essa maioria, garantida por Chávez.
FOLHA - Há muitas provas de
que a máquina do Estado tem
sido usada na campanha.
ISTÚRIZ - Não se trata de
usar a máquina do Estado.
Aqui, os poderes de fato
têm estado nas mãos das
elites. Os donos dos meios
de comunicação manipulam, desinformam, atropelam. O povo tem de se
defender. Os meios internacionais, que representam os mesmos interesses
que os meios daqui, calam.
FOLHA - Então o uso da máquina na campanha serve para
confrontar esse poder de fato?
ISTÚRIZ - Não estamos
usando o poder. Como povo que está governando,
temos de velar pelos interesses da maioria. Se temos de usar alguns recursos, usaremos. Mas os direitos do povo estão acima
de qualquer recurso.
FOLHA - Um argumento da
campanha do "sim" é que,
sem Chávez, haverá uma guerra civil. O que há no governo
de Caracas, com as invasões...
ISTÚRIZ - Isso é mentira.
FOLHA - Na campanha, houve vários ataques com gás lacrimogêneo a estudantes, à
casa do presidente da RCTV...
ISTÚRIZ - Não é verdade. À
sinagoga, também?
FOLHA - Não citei a sinagoga.
ISTÚRIZ - Tudo isso são
eles que fazem. Para o
mundo, Chávez atacou a
sinagoga. E vocês, grandes
meios, formam uma rede
de cúmplices. Essa oligarquia, com seus interesses
na mídia, na banca internacional, é a que opera.
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