São Paulo, sábado, 15 de março de 2008

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Chávez anuncia compra de frigoríficos

Presidente diz que "nacionalização" dará a Estado controle de 70% do setor e que negocia aquisição de empresa de laticínios

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

O presidente Hugo Chávez aproveitou a posse da direção do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) para anunciar ontem a nacionalização da maior parte do setor frigorífico do país e a provável compra de uma importante fábrica de laticínios, em meio à longa crise de desabastecimento.
"Nacionalizamos por meio da aquisição -não estamos atropelando ninguém- uma grande rede de frigoríficos (...), que, segundo dados que tenho, inclui 70% da capacidade instalada de tudo o que é frigorífico, instalações e transporte de frios", disse Chávez, sem nomear a empresa ou empresas.
O presidente venezuelano também anunciou que está negociando a compra da empresa de laticínios Los Andes, com capacidade para produzir até 30% do abastecimento de leite do país, segundo Chávez.
"Não se trata de mudar de dono, de propriedade privada ao Estado. Trata-se de mudar o modelo, de construir o modelo socialista com os trabalhadores, com a direção, com gerência", afirmou, em alusão às críticas dentro até do chavismo de que as recentes nacionalizações transformam a Venezuela num capitalismo de Estado.
Carne, leite e alguns tipos de queijo são alguns dos produtos com problemas de abastecimento há vários meses. Críticos do governo atribuem a escassez ao congelamento de preços -alguns há quatro anos- e ao ambiente de incertezas que inibe investimentos privados.
Embora tenha reajustado o preço de alguns produtos e tirado outros da tabela, Chávez atribui a culpa a um "plano desestabilizador" dos EUA.
"Um dos planos da burguesia venezuelana e do imperialismo é negar alimentos ao povo. Tanto é assim que o próprio "mister" Bush mencionou isso, dizendo que o presidente da Venezuela (...) estava fazendo seu povo passar fome", disse.
Antes do discurso, Chávez -que também é o presidente do PSUV- fez o juramento dos membros da direção do partido. Quase todos são funcionários e ex-funcionários do governo, como seu irmão Adán Chávez, ministro da Educação. Os 15 diretores foram eleitos em votação interna nacional no domingo -todos os 69 candidatos foram indicados por Chávez.
O ex-chavista partido Podemos também fez ontem sua assembléia nacional, da qual participaram dissidentes famosos como o ex-ministro da Defesa Raúl Isaías Baduel e a ex-primeira-dama Marisabel Rodríguez. Em comum, todos romperam com Chávez em 2007.


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