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Chávez anuncia compra de frigoríficos
Presidente diz que "nacionalização" dará a Estado controle de 70% do setor e que negocia aquisição de empresa de laticínios
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O presidente Hugo Chávez
aproveitou a posse da direção
do Partido Socialista Unido da
Venezuela (PSUV) para anunciar ontem a nacionalização da
maior parte do setor frigorífico
do país e a provável compra de
uma importante fábrica de laticínios, em meio à longa crise de
desabastecimento.
"Nacionalizamos por meio
da aquisição -não estamos
atropelando ninguém- uma
grande rede de frigoríficos (...),
que, segundo dados que tenho,
inclui 70% da capacidade instalada de tudo o que é frigorífico,
instalações e transporte de
frios", disse Chávez, sem nomear a empresa ou empresas.
O presidente venezuelano
também anunciou que está negociando a compra da empresa
de laticínios Los Andes, com
capacidade para produzir até
30% do abastecimento de leite
do país, segundo Chávez.
"Não se trata de mudar de
dono, de propriedade privada
ao Estado. Trata-se de mudar o
modelo, de construir o modelo
socialista com os trabalhadores, com a direção, com gerência", afirmou, em alusão às críticas dentro até do chavismo de
que as recentes nacionalizações transformam a Venezuela
num capitalismo de Estado.
Carne, leite e alguns tipos de
queijo são alguns dos produtos
com problemas de abastecimento há vários meses. Críticos do governo atribuem a escassez ao congelamento de preços -alguns há quatro anos- e
ao ambiente de incertezas que
inibe investimentos privados.
Embora tenha reajustado o
preço de alguns produtos e tirado outros da tabela, Chávez
atribui a culpa a um "plano desestabilizador" dos EUA.
"Um dos planos da burguesia
venezuelana e do imperialismo
é negar alimentos ao povo.
Tanto é assim que o próprio
"mister" Bush mencionou isso,
dizendo que o presidente da
Venezuela (...) estava fazendo
seu povo passar fome", disse.
Antes do discurso, Chávez
-que também é o presidente
do PSUV- fez o juramento dos
membros da direção do partido. Quase todos são funcionários e ex-funcionários do governo, como seu irmão Adán Chávez, ministro da Educação. Os
15 diretores foram eleitos em
votação interna nacional no domingo -todos os 69 candidatos
foram indicados por Chávez.
O ex-chavista partido Podemos também fez ontem sua assembléia nacional, da qual participaram dissidentes famosos
como o ex-ministro da Defesa
Raúl Isaías Baduel e a ex-primeira-dama Marisabel Rodríguez. Em comum, todos romperam com Chávez em 2007.
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