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Palestinos prometem "dia de ira" em Jerusalém
Reinauguração de sinagoga na cidade velha será foco de tensões; diante das ameaças, Israel estende bloqueio imposto à Cisjordânia
DE JERUSALÉM
A primeira visita de um presidente brasileiro a Israel vai
começar hoje em pleno "dia de
ira" declarado por lideranças
palestinas e muçulmanas em
reação ao que consideram a
ameaça de apropriação israelense de locais sagrados do islã.
Enquanto Lula estiver ocupado em encontros oficiais em
Jerusalém, dentro dos muros
da cidade velha está prevista
uma enorme mobilização da
polícia, que considera altíssimo
o risco de confrontos.
A reinauguração de uma sinagoga de 1701 no bairro judeu
da cidade velha é o novo foco de
tensões. Destruída pela Legião
Árabe em 1948, a Sinagoga
Hurva ficou dez anos em reconstrução e hoje será reaberta
com uma grande festa de judeus ortodoxos identificados
com a ultradireita.
Rumores circularam nos últimos dias de que os fiéis aproveitarão a reabertura da sinagoga para depositar a pedra
fundamental do terceiro templo judaico, na área onde fica a
mesquita de Al-Aqsa, considerado o terceiro local mais sagrado para o islã.
O "dia de ira" já havia sido
convocado há três dias pela Irmandade Muçulmana, principal grupo de oposição do Egito,
onde é considerado ilegal mas
tem grande influência. Ontem
a ANP (Autoridade Nacional
Palestina) se juntou aos apelos
para que os muçulmanos protestem em Jerusalém.
A cidade tem ocupado cada
vez mais o centro da estratégia
palestina de promover uma escalada nos protestos contra Israel. A contínua construção israelense em Jerusalém Oriental, que é reivindicada pelos palestinos, e a inclusão no patrimônio histórico israelense de
dois santuários religiosos situados em território palestino
reforçaram a campanha.
"Estamos diante dos três dias
mais perigosos desde 1967",
disse Abed al Khader, ministro
para Jerusalém da ANP, que
convocou os palestinos a comparecer hoje em massa à mesquita de Al-Aqsa e se preparar
para uma invasão de judeus ortodoxos ao local.
Diante das ameaças de distúrbios, Israel determinou que
o bloqueio de 48 horas à Cisjordânia decretado na sexta-feira
fosse estendido até a meia-noite de hoje. Comentaristas observam que "a defesa de Jerusalém" criou um raro consenso
entre a ANP e o Hamas, grupo
palestino islâmico que controla
a faixa de Gaza.
Ontem, o premiê israelense,
Binyamin Netanyahu, lamentou a coincidência do anúncio
de novas construções em Jerusalém Oriental com a presença
no país do vice-presidente
americano, Joe Biden. Mas minimizou os efeitos na relação
bilateral.
O ministro da Defesa, Ehud
Barak, juntou-se ao coro, afirmando que o anúncio foi "desnecessário". As condenações
do governo, porém, se concentraram ao momento do anúncio, e não ao seu conteúdo.
Israel considera Jerusalém
Oriental parte de sua "capital
indivisível", e por isso não aceita restringir as construções em
nenhuma área da cidade.
(MN)
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