São Paulo, segunda-feira, 15 de março de 2010

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Palestinos prometem "dia de ira" em Jerusalém

Reinauguração de sinagoga na cidade velha será foco de tensões; diante das ameaças, Israel estende bloqueio imposto à Cisjordânia

DE JERUSALÉM

A primeira visita de um presidente brasileiro a Israel vai começar hoje em pleno "dia de ira" declarado por lideranças palestinas e muçulmanas em reação ao que consideram a ameaça de apropriação israelense de locais sagrados do islã.
Enquanto Lula estiver ocupado em encontros oficiais em Jerusalém, dentro dos muros da cidade velha está prevista uma enorme mobilização da polícia, que considera altíssimo o risco de confrontos.
A reinauguração de uma sinagoga de 1701 no bairro judeu da cidade velha é o novo foco de tensões. Destruída pela Legião Árabe em 1948, a Sinagoga Hurva ficou dez anos em reconstrução e hoje será reaberta com uma grande festa de judeus ortodoxos identificados com a ultradireita.
Rumores circularam nos últimos dias de que os fiéis aproveitarão a reabertura da sinagoga para depositar a pedra fundamental do terceiro templo judaico, na área onde fica a mesquita de Al-Aqsa, considerado o terceiro local mais sagrado para o islã.
O "dia de ira" já havia sido convocado há três dias pela Irmandade Muçulmana, principal grupo de oposição do Egito, onde é considerado ilegal mas tem grande influência. Ontem a ANP (Autoridade Nacional Palestina) se juntou aos apelos para que os muçulmanos protestem em Jerusalém.
A cidade tem ocupado cada vez mais o centro da estratégia palestina de promover uma escalada nos protestos contra Israel. A contínua construção israelense em Jerusalém Oriental, que é reivindicada pelos palestinos, e a inclusão no patrimônio histórico israelense de dois santuários religiosos situados em território palestino reforçaram a campanha.
"Estamos diante dos três dias mais perigosos desde 1967", disse Abed al Khader, ministro para Jerusalém da ANP, que convocou os palestinos a comparecer hoje em massa à mesquita de Al-Aqsa e se preparar para uma invasão de judeus ortodoxos ao local.
Diante das ameaças de distúrbios, Israel determinou que o bloqueio de 48 horas à Cisjordânia decretado na sexta-feira fosse estendido até a meia-noite de hoje. Comentaristas observam que "a defesa de Jerusalém" criou um raro consenso entre a ANP e o Hamas, grupo palestino islâmico que controla a faixa de Gaza.
Ontem, o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, lamentou a coincidência do anúncio de novas construções em Jerusalém Oriental com a presença no país do vice-presidente americano, Joe Biden. Mas minimizou os efeitos na relação bilateral.
O ministro da Defesa, Ehud Barak, juntou-se ao coro, afirmando que o anúncio foi "desnecessário". As condenações do governo, porém, se concentraram ao momento do anúncio, e não ao seu conteúdo.
Israel considera Jerusalém Oriental parte de sua "capital indivisível", e por isso não aceita restringir as construções em nenhuma área da cidade. (MN)


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