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Referendo é "terceiro turno" para Correa
Presidente do Equador ameaça renunciar se proposta de convocar uma nova Constituinte for derrotada na votação de hoje
Levantamento prevê apoio de 66% dos eleitores à nova Carta, motivados sobretudo pela percepção de que ela será eficaz contra a pobreza
Efe - 13.abr.07
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O esquerdista Rafael Correa é saudado por simpatizantes |
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O presidente equatoriano,
Rafael Correa, colocará pela
primeira vez a sua popularidade em teste hoje, durante o referendo que decidirá se o país
politicamente mais instável da
América do Sul precisa convocar uma Assembléia para escrever sua 20ª Constituição desde
a independência.
As últimas pesquisas têm sido favoráveis ao "sim", defendido pelo presidente esquerdista,
que se elegeu no ano passado
tendo como principal bandeira
a convocação de uma nova
Constituinte e na semana passada ameaçou renunciar caso
saia derrotado do referendo.
Um levantamento do instituto Cedatos-Gallup divulgado
anteontem previu que 66% dos
eleitores votarão a favor da elaboração de uma nova Carta,
motivados sobretudo pela percepção de que ajudará a combater a pobreza, contra 15% que
optariam pelo "não". Brancos e
nulos somaram 19% das respostas. A margem de erro é de
cinco pontos percentuais.
Para que Correa vença, é necessário que a votação pelo
"sim" supere a soma das outras
três opções. Calcula-se que sejam necessários ao menos 3,4
milhões de votos dos cerca de
9,1 milhões de eleitores equatorianos, pouco menos do que
Correa recebeu no segundo
turno, em novembro, quando
derrotou o empresário direitista Álvaro Noboa.
Aproveitando a sua alta popularidade - as pesquisas lhe
dão aprovação de até 70%-,
Correa, há pouco mais de três
meses no poder, tem defendido
que uma nova Constituição é a
única forma de acabar com o
que ele chama de "partidocracia" -a classe política tradicional, personificada pelo Congresso, com quem vive uma relação tumultuada e a quem o
presidente culpa pelo atraso e
pela instabilidade do país.
Respeito
"A Constituição que temos
não é aceita pela população, fato demonstrado pela falta de
respeito a ela", disse por telefone à Folha Manuela Gallegos,
secretária de Povos, Movimentos e Organizações Sociais do
governo Correa. "Tem sido violada um milhão de vezes, em
todas as instâncias governamentais, e definitivamente o
povo tampouco se sente representado por ela."
Uma das coordenadoras da
campanha pelo "sim", Gallegos
diz que a aprovação do referendo fará com que a eventual nova Constituição se diferencie
das anteriores. "Temos convocado o povo a se incluir nessa
proposta, para que, pela primeira vez na história do Equador, seja uma Constituinte com
todas as representações, e não
só com os grupos de poder."
De fato, a atual Carta, promulgada em 1998, tem um histórico traumático: desde que
entrou em vigor, nenhum presidente eleito conseguiu terminar o seu mandato. Correa é oitavo mandatário equatoriano
dos últimos dez anos.
Para a oposição, esta tem sido uma campanha difícil. Recentemente, 57 deputados (de
um total de cem cadeiras no
Congresso) contrários à convocação do referendo sobre a
Constituinte foram destituídos
pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dando início a uma
batalha político-jurídica até
agora desfavorável a eles.
Em meio às tentativas de salvar seus mandatos, a principal
arma tem sido explorar a inevitável comparação de Correa
com os aliados Hugo Chávez e
Evo Morales, que convocaram
Constituintes no início dos
seus mandatos para, entre outras reformas, viabilizar mais
permanência no poder.
"Não quero dar a meu filho
um regime no qual se violam as
liberdades, como na Venezuela", disse na semana passada
um dos deputados cassados,
Alfredo Serrano, segundo a
agência France Presse.
Estragos
As constantes comparações
com Chávez e Morales têm provocado estragos na campanha
pelo "sim", segundo avaliação
do instituto Cedatos. Consciente do risco, Correa tem dado declarações negando que siga um modelo de fora, embora
venha falando em implantar
um "socialismo do século 21",
termo usado pelo aliado venezuelano. "Aqui, ninguém segue
a linha de Chávez, aqui seguimos a linha equatoriana", disse
Correa na semana passada, ao
descartar que proporá o fim da
propriedade privada.
O presidente equatoriano,
porém, evita falar sobre quais
serão suas propostas para uma
nova Carta, alegando que os
constituintes terão "plenos poderes" para escrevê-la.
Caso o "sim" vença, 130 constituintes serão eleitos para escrever a nova Carta.
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