São Paulo, quinta-feira, 15 de abril de 2010

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Frequência e força de abalos não aumentaram, dizem sismólogos

DA REDAÇÃO

Especialistas do Brasil e dos EUA ouvidos pela Folha afirmam que os fortes terremotos deste ano não estão relacionados e não representam aumento nem de frequência nem de intensidade. Para eles, a maior atenção ao assunto se dá pelo fato de os abalos terem ocorrido em áreas populosas e deixado muitos danos e mortes.
"Os terremotos não estão mais frequentes, as médias a longo prazo seguem constantes. O período atual é movimentado, mas não é anormal", diz Don Blakeman, há 14 anos geofísico do Serviço Geológico dos EUA. Em média, segundo o instituto, ocorrem no mundo 16 terremotos com magnitude igual ou superior a 7 todos os anos. Desde abril de 2009, foram 18. Só em 1943, foram 32.
"No passado, muitos abalos menores não eram registrados. Mas os grandes eram, e estão constantes. Muitas pessoas podem avaliar o aumento das notícias sobre o assunto, mas isso indica só que há mais interesse, melhor comunicação."
"Os terremotos estão acontecendo em lugares diferentes, placas diferentes", concorda o professor Lucas Vieira Barros, do Observatório Sismológico da UnB. "Neste ano, grandes terremotos atingiram regiões importantes e deixaram danos significativos, em especial no Haiti, um país sem mecanismo de defesa. No caso da China, existe um histórico de graves danos por terremotos. É um país de alta sismicidade e alta densidade populacional."
O professor destaca que o aumento global da população leva as pessoas cada vez mais para perto de fontes sísmicas.
Os dois especialistas lamentam que terremotos não possam ser previstos. "É frustrante que possamos fazer tantas coisas, e não isso. Mas a maioria das coisas que podem ser previstas, como o clima, têm condições prévias que mudam. Uma tempestade, por exemplo, derruba a pressão atmosférica. Mas nunca encontramos um fator confiável ligado a terremotos", diz o americano. "Sem pressupostos, não há previsões." (GABRIELA MANZINI)


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