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DIPLOMACIA
Resolução amplia lista de bens que país pode trocar por petróleo; proposta dos EUA para controle de fronteira é rejeitada
Conselho de Segurança flexibiliza sanções ao Iraque
DA REDAÇÃO
O Conselho de Segurança da
ONU aprovou ontem por unanimidade uma resolução que flexibiliza o regime de sanções contra o Iraque imposto após a invasão
iraquiana ao Kuait, em 1990.
A flexibilização é a primeira
desde 1996, quando entrou em vigor o programa de "petróleo por
alimentos", que deixa o país exportar cerca de 2,5 milhões de
barris de petróleo por dia para
permitir a compra de alimentos e
remédios para sua população.
A resolução aprovada ontem visa acelerar o acesso da população
civil aos bens, mas mantém a
proibição total para a compra de
suprimentos militares.
A Síria, vizinho do Iraque e único país árabe no Conselho de Segurança, decidiu no último momento votar a favor da resolução,
mas a criticou fortemente, alegando que perpetua as sanções.
Os EUA vinham negociando
havia meses com a Rússia a eliminação da burocracia no envio de
bens para os civis no Iraque, que
vão de bicicletas a máquinas de
costura. Os itens militares continuam totalmente banidos.
A novidade é uma lista de milhares de bens de "duplo uso",
que podem ter eventualmente
também uso militar, como caminhões e materiais de telecomunicação. Os itens fora da lista poderão ser enviados com mais rapidez ao Iraque a partir de agora.
Atualmente, um conselho de
sanções da ONU tem a palavra final sobre praticamente qualquer
item, o que na prática implica o
controle, pelos EUA, de qualquer
produto enviado ao Iraque.
O governo americano já bloqueou cerca de US$ 5,2 bilhões
em bens pedidos pelo Iraque,
muitas vezes ao longo de anos.
"Essa resolução facilitará enormemente o movimento de bens
humanitários e de uso puramente
civil para a economia iraquiana",
disse o embaixador americano na
ONU, John Negroponte.
O porta-voz da Casa Branca, Ari
Fleischer, disse que a aprovação
da resolução é "um passo adiante", mas afirmou que agora Bagdá
deverá provar "que deseja melhorar a vida de seus cidadãos".
O embaixador iraquiano, Mohammed Aldouri, porém, disse:
"Nós vemos os objetivos da política americana nessa manobra. É
mais sofrimento para o povo iraquiano". Aldouri não disse se o
Iraque aceitará a resolução e continuará a exportar petróleo pelo
programa da ONU. Atualmente,
as exportações atingem cerca de
US$ 10 bilhões ao ano.
A resolução não muda os procedimentos pelos quais o dinheiro
da venda de petróleo é depositado
numa conta controlada pela ONU
e encaminhado para pagar os fornecedores do Iraque. Um dos benefícios do novo sistema deverá
ser o desbloqueio de contratos
contestados pelos EUA, incluindo
a importação de cerca de US$ 700
milhões de bens da Rússia.
O texto foi proposto inicialmente pelo secretário de Estado dos
EUA, Colin Powell, e pelo governo britânico, como parte de uma
ofensiva para contestar o argumento iraquiano, largamente
aceito fora dos EUA, de que as
sanções provocaram a morte de
milhares de pessoas. Powell, temendo que o Iraque esteja contrabandeando petróleo para reconstruir seu arsenal de armas de
destruição em massa, também
queria um controle sobre as fronteiras do Iraque. Mas os protestos
de países árabes fez com que a
proposta fosse recusada.
Os EUA condicionam o fim das
sanções à volta das inspeções da
ONU ao Iraque. As inspeções,
destinadas a verificar se o país está
desenvolvendo armas de destruição em massa, foram interrompidas por iniciativa do Iraque após um bombardeio americano ao país em dezembro de 1998.
Com agências internacionais
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