|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ÁSIA
Mulheres e crianças morreram quando separatistas abriram fogo em ônibus
Ataque na Caxemira deixa 30 mortos
DA REDAÇÃO
Supostos militantes separatistas
paquistaneses abriram fogo em
um ônibus e atacaram um acampamento militar na região da Caxemira controlada pela Índia ontem, matando ao menos 30 pessoas, incluindo mulheres e crianças, antes de serem mortos.
O ataque, o mais sangrento em
quase oito meses de conflito no
território, provocou temores de
uma resposta militar da Índia e
pareceu ter sido sincronizado para minar uma missão de um enviado da ONU para tentar resolver um impasse militar de cinco
meses entre a Índia e o Paquistão.
Três militantes, usando uniformes militares, abriram fogo dentro de um ônibus perto do acampamento militar de Ratnachak e,
em seguida, entraram em uma
área do acampamento que abriga
casas, oficinas e refeitórios. Ao
menos 30 pessoas morreram e 50
foram hospitalizadas.
Muitas das vítimas eram mulheres e filhos de soldados servindo na base a 15 km de Jammu, a
capital de inverno do Estado indiano majoritariamente muçulmano de Jammu e Caxemira.
"Eles tinham AK-47s, granadas
e explosivos, atiravam para todo
lado", afirmou o porta-voz do
Exército indiano em Jammu.
"Eles nos pediram que saíssemos e, quando começamos a descer, passaram a atirar", disse um
passageiro. "Três mulheres morreram, incluindo minha mulher."
Os militantes foram mortos
quatro horas após o início do ataque, cuja autoria não foi reivindicada por nenhum grupo.
"Achamos que eles são todos
paquistaneses", disse o porta-voz
da polícia Subash Raina.
O Paquistão também condenou
o ataque, mas sugeriu que a Índia
poderia estar por trás da violência. "Atos de violência resultando
em baixas civis na Caxemira e na
Índia continuam a coincidir com
visitas de alto escalão à região",
afirmou uma declaração do Ministério das Relações Exteriores.
O ministro do Interior da Índia,
Lal Krishna Advani, disse em um
discurso ao Parlamento: "O ataque parece ter sido sincronizado
para dizer ao mundo que, apesar
da coalizão global contra o terrorismo, os terroristas provavelmente não vão parar de agir."
O ataque foi condenado pela secretária-assistente de Estado dos
EUA Christina Rocca, que está na
Índia e deve ir ao Paquistão hoje,
pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que o chamou de "um
ato de terrorismo", e pela França.
Um funcionário do Exército indiano afirmou que uma barra de
chocolate feita em Zaffarwal, no
Paquistão, havia sido encontrada
no bolso de um dos militantes,
que identificou como sendo Abu
Zaffar, Abu Salaam e Abu Majid.
Outro funcionário do Exército
afirmou que interceptações de comunicações por rádio "indicaram
que isso foi obra do grupo Al Mansoorian". Acredita-se que o grupo extremista islâmico Lashkar-e-Taiba, baseado no Paquistão, adotou o nome Al Mansoorian após ser banido em janeiro.
O impasse entre os dois países foi provocado por um ataque em
dezembro de 2001 ao Parlamento indiano, pelo qual a Índia culpou separatistas baseados no Paquistão e que levou os adversários à beira de uma quarta guerra. Ambos os países têm arsenal nuclear.
A Índia controla cerca de 45% da Caxemira, o Paquistão, cerca
de 33% e a China, o restante.
A Índia acusa o Paquistão de incitar e armar separatistas na parte
da Caxemira controlada pela Índia. O Paquistão nega e diz que dá
apenas apoio moral à sua "luta legítima pela auto-determinação".
Doze grupos separatistas lutam contra forças indianas na região.
Ao menos 33 mil pessoas morreram desde 1989.
Texto Anterior: Diplomacia: Conselho de Segurança flexibiliza sanções ao Iraque Próximo Texto: Oriente Médio: Sharon condiciona paz a reforma palestina Índice
|