São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 2002

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ÁSIA

Mulheres e crianças morreram quando separatistas abriram fogo em ônibus

Ataque na Caxemira deixa 30 mortos

DA REDAÇÃO

Supostos militantes separatistas paquistaneses abriram fogo em um ônibus e atacaram um acampamento militar na região da Caxemira controlada pela Índia ontem, matando ao menos 30 pessoas, incluindo mulheres e crianças, antes de serem mortos.
O ataque, o mais sangrento em quase oito meses de conflito no território, provocou temores de uma resposta militar da Índia e pareceu ter sido sincronizado para minar uma missão de um enviado da ONU para tentar resolver um impasse militar de cinco meses entre a Índia e o Paquistão.
Três militantes, usando uniformes militares, abriram fogo dentro de um ônibus perto do acampamento militar de Ratnachak e, em seguida, entraram em uma área do acampamento que abriga casas, oficinas e refeitórios. Ao menos 30 pessoas morreram e 50 foram hospitalizadas.
Muitas das vítimas eram mulheres e filhos de soldados servindo na base a 15 km de Jammu, a capital de inverno do Estado indiano majoritariamente muçulmano de Jammu e Caxemira.
"Eles tinham AK-47s, granadas e explosivos, atiravam para todo lado", afirmou o porta-voz do Exército indiano em Jammu.
"Eles nos pediram que saíssemos e, quando começamos a descer, passaram a atirar", disse um passageiro. "Três mulheres morreram, incluindo minha mulher."
Os militantes foram mortos quatro horas após o início do ataque, cuja autoria não foi reivindicada por nenhum grupo.
"Achamos que eles são todos paquistaneses", disse o porta-voz da polícia Subash Raina.
O Paquistão também condenou o ataque, mas sugeriu que a Índia poderia estar por trás da violência. "Atos de violência resultando em baixas civis na Caxemira e na Índia continuam a coincidir com visitas de alto escalão à região", afirmou uma declaração do Ministério das Relações Exteriores.
O ministro do Interior da Índia, Lal Krishna Advani, disse em um discurso ao Parlamento: "O ataque parece ter sido sincronizado para dizer ao mundo que, apesar da coalizão global contra o terrorismo, os terroristas provavelmente não vão parar de agir."
O ataque foi condenado pela secretária-assistente de Estado dos EUA Christina Rocca, que está na Índia e deve ir ao Paquistão hoje, pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que o chamou de "um ato de terrorismo", e pela França.
Um funcionário do Exército indiano afirmou que uma barra de chocolate feita em Zaffarwal, no Paquistão, havia sido encontrada no bolso de um dos militantes, que identificou como sendo Abu Zaffar, Abu Salaam e Abu Majid.
Outro funcionário do Exército afirmou que interceptações de comunicações por rádio "indicaram que isso foi obra do grupo Al Mansoorian". Acredita-se que o grupo extremista islâmico Lashkar-e-Taiba, baseado no Paquistão, adotou o nome Al Mansoorian após ser banido em janeiro.
O impasse entre os dois países foi provocado por um ataque em dezembro de 2001 ao Parlamento indiano, pelo qual a Índia culpou separatistas baseados no Paquistão e que levou os adversários à beira de uma quarta guerra. Ambos os países têm arsenal nuclear.
A Índia controla cerca de 45% da Caxemira, o Paquistão, cerca de 33% e a China, o restante.
A Índia acusa o Paquistão de incitar e armar separatistas na parte da Caxemira controlada pela Índia. O Paquistão nega e diz que dá apenas apoio moral à sua "luta legítima pela auto-determinação".
Doze grupos separatistas lutam contra forças indianas na região. Ao menos 33 mil pessoas morreram desde 1989.



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