São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 2006

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"EIXO DO MAL"

Europa propõe trocar benefícios pelo fim do enriquecimento de urânio, mas Teerã recusa deixar plano que diz pacífico

Irã rejeita oferta da UE para questão nuclear

DA REDAÇÃO

O Irã afirmou que rejeitará qualquer exigência para parar o que chama de "trabalho nuclear pacífico", um dia após ministros do Exterior europeus discutirem incentivos e penalidades a serem aplicadas às ambições atômicas iranianas.
Ontem, os EUA reiteraram que não estão dispostos a discutir diretamente com o Irã o programa nuclear do país, o qual acusam de ter fim bélico, e afirmaram que a ONU é o melhor órgão para analisar este assunto.
"Por enquanto, o âmbito de discussão é o Conselho de Segurança da ONU, onde a comunidade internacional, em seu conjunto, incluindo os EUA, pode indicar claramente ao Irã o que deve ser feito", disse Steve Hadley, conselheiro de Segurança Nacional da presidência norte-americana.
Os ministros europeus têm encontro marcado para hoje em que devem debater questões técnicas e acordos políticos a serem oferecidos ao Irã em troca de o país agir para amenizar os temores do Ocidente de que esteja tentando produzir uma bomba atômica.
O Irã, que é o quarto maior exportador mundial de petróleo, afirma que seus planos nucleares estão restritos aos campos energético e científico, e que não desistirá do enriquecimento de urânio -que pode servir tanto para produzir combustível quanto para desenvolver armas.
"Qualquer proposta que nos obrigue a parar nossas atividades nucleares pacíficas não terá valor", disse o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, em discurso no canal de TV estatal.
Ele acusou os europeus de viverem em um "mundo colonialista" e disse que Teerã não aceitará as decisões rechaçadas em Bruxelas. "Se eles quiserem decidir algo que diz respeito a nós em um local onde não estamos presentes, então suas decisões não terão validade legal", disse Ahmadinejad.
Washington e seus aliados europeus pretendem passar pelo Conselho de Segurança da ONU uma resolução que obrigue o Irã a parar o enriquecimento ou enfrentar possíveis sanções.
Com poder de veto no CS, Rússia e China, que têm interesses energéticos no Irã, resistem a se posicionar. Washington concordou em deixar que o Reino Unido, a França e a Alemanha ofereçam um pacote de benefícios ao Irã em troca de o país cooperar e deixar de lado sua resolução. "A ajuda veio juntamente com um pacote muito atraente, para dificultar a recusa do governo iraniano", disse um porta-voz do grupo apelidado de UE3.
Em uma versão preliminar do documento que deverá ser divulgada hoje na reunião dos representantes europeus, obtida pela agência Reuters, o grupo afirma estar pronto para contribuir com o desenvolvimento seguro e sustentável de Teerã. Além disso, esperava uma garantia de não-proliferação do programa nuclear, além de insistir na suspensão do enriquecimento de urânio.

Mortes
Rebeldes armados, pertencentes a um grupo sunita, mataram doze pessoas no sudoeste do Irã na noite de anteontem. As vítimas, que ocupavam quatro veículos, foram encontradas em um fosso, com mãos e pés amarrados. Um garoto de dez anos conseguiu se salvar. A autoria do ataque foi reivindicada, por telefone, pelo grupo Soldados de Alá.


Com agências internacionais

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