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Junta de Mianmar estende a prisão de Nobel da Paz
Suu Kyi, que, livre, seria candidata em 2010, é acusada de violar regras da detenção
Hillary Clinton exige que militares à frente do país libertem a oposicionista, que passou boa parte dos últimos 19 anos detida
Ahn Young-joon/Associated Press
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Mianmarenses na Coreia do Sul manifestam apoio à líder opositora |
DA REDAÇÃO
A principal líder da oposição
em Mianmar (antiga Birmânia), Aung San Suu Kyi, 63, foi
acusada ontem pelo governo
militar que a mantém em prisão domiciliar pela maior parte
dos últimos 19 anos de ter infringido as regras de sua detenção depois que um americano
invadiu sua casa.
O homem, John William Yettaw, descrito pela imprensa local como um estudante de psicologia de 53 anos, chegou até a
casa de Suu Kyi, à beira de um
lago, a nado. Lá permaneceu
por dois dias, o que, segundo o
grupo no poder, viola o isolamento imposto à líder política.
Prestes a ganhar a liberdade
no fim deste mês, ela foi transferida para uma penitenciária,
será julgada e pode pegar de 3 a
5 anos de prisão.
A extensão de sua detenção já
impedirá que tome parte nas
eleições, marcadas para o ano
que vem. Seu partido acusa o
governo de usar o incidente como subterfúgio para inviabilizar a candidatura de Suu Kyi.
Vencedora do Prêmio Nobel
da Paz em 1991 por seus esforços para democratizar o país e
filha de Aung San, líder da independência local, Suu Kyi era o
principal nome da Liga Nacional pela Democracia quando o
partido conquistou a maioria
dos votos nas eleições parlamentares de 1990.
A junta militar à frente do governo desde um golpe em 1962,
no entanto, impediu que a legenda governasse o país, argumentando que era preciso antes promulgar uma Constituição para Mianmar, uma das nações mais pobres da Ásia.
A nova Carta só foi aprovada
no ano passado. Rascunhado
pelos própria junta, o documento reserva 25% dos assentos do Parlamento para os militares e diz que, em caso de estado de emergência, é o Exército
que assume o poder, além de
seu comandante ter a incumbência de designar alguns dos
principais ministros.
O processo de aprovação da
nova Constituição, em referendo no ano passado, foi confuso.
Apesar da morte de mais de 40
mil pessoas em decorrência da
passagem de um ciclone pelo
país, os militares mantiveram a
votação, adiada em duas semanas na zonas mais devastadas.
A oposição disse que isso facilitou fraudes e denunciou que
pessoas chegaram a ser removidas de centros de refugiados
para que os locais servissem como colégios eleitorais.
EUA e ONU protestam
Os advogados de Suu Kyi dizem que não é a primeira vez
que o tal estudante americano
tenta invadir sua casa.
Ele já havia alcançado a residência no ano passado, mas foi
retirado do local. Segundo o advogado Kyi Win, desta vez "ele
disse estar muito cansado", e
"passou a noite" ali.
A ameaça de possível extensão da prisão de Suu Kyi gerou
protestos de vários países. A secretária de Estado dos EUA,
Hillary Clinton, instou Mianmar a libertar imediatamente a
líder da oposição.
Hillary se disse "profundamente preocupada" com a acusação "sem fundamentos" feita
contra Suu Kyi e disse que a
junta militar procurou um
"pretexto" para restringir sua
liberdade.
O secretário-geral da ONU, o
sul-coreano Ban Ki-moon,
também expressou "grande
preocupação" com o incidente.
Segundo comunicado de sua
porta-voz, Ban identifica na líder opositora "uma parceira
fundamental para o diálogo de
reconciliação nacional em
Mianmar."
Ele pediu ao governo local
que "não tome nenhuma outra
medida que possa prejudicar
esse processo".
Com agências internacionais
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