São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Ataque na hora do rush deixa 5 funcionários estrangeiros da GE mortos; iraquianos gritam slogans contra os EUA

Carro-bomba mata 13 no centro de Bagdá

DA REDAÇÃO

A explosão de um carro-bomba no centro de Bagdá deixou ontem 13 mortos, inclusive sete civis estrangeiros, e mais de 60 feridos no segundo incidente do tipo em menos de 24 horas. Num sinal de recrudescimento da violência às vésperas de o governo iraquiano tomar posse, como previram autoridades da ocupação, 45 pessoas morreram em quatro explosões semelhantes no Iraque neste mês -houve 17, ao todo, mas a maioria não deixou vítimas.
Depois do ataque, dezenas de iraquianos cercaram dois dos veículos atingidos, gritando frases como "abaixo a América" e "a América é o inimigo de Deus". Alguns subiram sobre os carros e atearam fogo aos tanques de gasolina. Outros ajudaram a remover os feridos para hospitais.
Ante o alvoroço, militares americanos isolaram o local com arame farpado, e soldados em traje de choque tentaram, sem sucesso, conter os manifestantes. Um iraquiano foi espancado na ação.
Cinco das vítimas estrangeiras -dois britânicos, um francês, um americano e um filipino- trabalhavam para uma subsidiária da empresa americana General Electric, o que levou autoridades iraquianas a relacionarem o ataque à recente onda de sabotagem da infra-estrutura de petróleo e energia do país. Morreram ainda seis iraquianos e dois civis africanos cujos países de origem não foram identificados.
A explosão foi provocada por um homem que dirigia um veículo vermelho com tração nas quatro rodas no momento em que um comboio da GE passava, durante a hora do rush matutina, em uma rua movimentada perto da praça Tharir (libertação). Outros oito carros foram atingidos, e a fachada do prédio em frente ao qual estava o carro-bomba foi totalmente destruída.
Mais tarde, foi noticiada a explosão de outro carro-bomba na cidade de Salman Pak, a sudeste de Bagdá, que teria matado quatro pessoas -a polícia iraquiana e o comando americano não confirmaram esse segundo incidente. Em Mossul (norte), autoridades municipais disseram que um ataque a bomba matou quatro membros da defesa civil.
A explosão em Bagdá levou as autoridades iraquianas a reiterarem as acusações contra terroristas estrangeiros. Uma série de ataques com carros-bomba país no início deste ano foi assumida pelo grupo do jordaniano Abu Musab Zarqawi, ligado à Al Qaeda, a rede de Osama bin Laden. Mas nenhum grupo reivindicou ainda a autoria do último atentado.
"Os terroristas estão tentando evitar a transferência de poder e soberania [aos iraquianos] em 30 de junho", disse o premiê interino do Iraque, Iyad Allawi, que assume o cargo no último dia do mês.
Em Washington, o secretário de Estado, Colin Powell, afirmou que as tropas americanas -que permanecerão no Iraque no comando de uma força multinacional após o dia 30- farão "tudo o que puderem para derrotar esses assassinos". Na véspera, o secretário dissera em entrevista que era "difícil proteger todo um governo".
Além dos atentados, membros do extinto Conselho de Governo Iraquiano e do futuro governo interino vêm sendo visados pela insurgência desde maio. Anteontem, um funcionário do Ministério da Educação foi morto por franco-atiradores, e, no sábado, o vice-chanceler foi assassinado.
Os EUA aos poucos têm passado as operações de segurança do dia-a-dia aos iraquianos, embora admitam que a polícia e as Forças Armadas do país, reestruturadas após a guerra, ainda careçam de treinamento e organização.
"Continuamos prontos para dar apoio, caso seja solicitado", disse o porta-voz do comando dos EUA, general Mark Kimmitt.


Com agências internacionais

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