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EUA
Supremo veta contestação de juramento
DE WASHINGTON
A Suprema Corte norte-americana decidiu ontem que um californiano que se diz ateu não tem o
direito de contestar na Justiça o
uso da expressão ""uma nação sob
Deus" em juramentos à bandeira
dos EUA feitos diariamente nas
escolas públicas do país.
Michael Newdow, pai de uma
menina de nove anos, foi proibido pela decisão, unânime, de representar a filha no caso.
Newdow contestava o uso da
expressão ""uma nação sob Deus"
no juramento à bandeira americana conhecido como ""Pledge of
Allegiance" (promessa de lealdade). Ele argumentava que a frase
tolhe a liberdade de credo entre os
estudantes.
A decisão da Suprema Corte
dos EUA, apoiada pela Casa Branca, teve um duplo efeito: manteve
intacta a atual forma de juramento à bandeira dos EUA nas escolas
e não obrigou os juizes a se manifestarem sobre se a frase fere ou
não o princípio clássico da separação entre igreja e Estado.
A decisão foi tomada no Dia da
Bandeira nos EUA e no aniversário de 50 anos da inserção da expressão ""sob Deus" no juramento.
O juramento à bandeira dos
EUA foi escrito originalmente em
1892 por um pastor batista, que
não fez nenhuma menção religiosa no texto.
O termo ""sob Deus" foi adicionado depois, em 1954, pelo Congresso dos EUA -como forma
de distinguir os ""valores" americanos dos associados ao comunismo. Este era relacionado ao
ateísmo.
Em junho de 2002, uma corte de
apelações da Califórnia baniu o
uso do juramento em nove Estados sob sua jurisdição, mas a decisão foi mantida em suspenso até
que a Suprema Corte desse um
veredicto final sob o caso.
Com a decisão de ontem, o juramento continuará a ser executado
em todo o país. Os estudantes não
são obrigados a recitar o juramento, mas, sob o incentivo de
professores, poucos deixam de fazê-lo -mesmo os estrangeiros
que estudam em escolas públicas
do país.
Decepcionado, Newdow, um
médico que também tem um diploma de direito, disse que esperava que a decisão servisse para
atrair a atenção da mídia. "Combato o sistema inteiro. Em alguns
meses, estarei numa corte familiar para afirmar que o sistema é
inconstitucional", disse.
(FCz)
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