São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2004

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IRÃ NA MIRA

Para o chefe da AIEA, Teerã tem de revelar a extensão de seu programa nuclear; EUA pressionam a agência a fixar prazo

Agência nuclear da ONU exige que o Irã coopere já

DA REUTERS

O Irã não está cooperando plenamente com os inspetores da ONU e precisa revelar a extensão total de seu programa nuclear, declararam ontem o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohammed el Baradei, e o governo dos EUA.
El Baradei disse que a cooperação do Irã tem sido "menos do que satisfatória" e avisou que não será possível esperar para sempre para que sejam esclarecidas questões como a atividade do país no enriquecimento de urânio.
Suas palavras foram ecoadas por Washington, que acusa o Irã de desenvolver armas sob a cobertura de um programa de energia atômica civil. "O Irã precisa declarar suas atividades claramente e respeitar seus compromissos internacionais", disse o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan. "Essas são preocupações compartilhadas pela comunidade internacional. Não há razão pela qual eles precisem de programa nuclear."
Teerã nega ter ambições de desenvolver armas nucleares e diz que seu interesse consiste apenas na geração de energia.
Diplomatas disseram que os EUA estão pressionando a AIEA a fixar um prazo para que o Irã coopere. Isso pode preparar o terreno para um debate no Conselho de Segurança da ONU, o que poderia resultar em futuras sanções caso o Irã não cumpra o prazo.
Os comentários de El Baradei deixaram claro que o Irã precisa parar de adiar e mudar as respostas que apresenta. "Ainda temos um problema central: o de saber se o Irã já declarou todas as atividades de enriquecimento de urânio", disse El Baradei, exigindo uma "cooperação acelerada".
Um diplomata de um dos 35 países representados no conselho de diretores da AIEA disse ter ficado surpreso com a contundência de El Baradei: "O discurso foi severo. Foi sério".
Segundo El Baradei, as informações de Teerã têm sido "diferentes em diferentes momentos e, às vezes, contraditórias".
O Irã quer que a AIEA lhe dê crédito pelas informações que já revelou até agora e declarou que, se não receber o reconhecimento devido, isso poderá afetar sua cooperação futura.
O delegado sênior do Irã na agência, Hossein Mousavian, disse a jornalistas que o Irã está dando "cooperação plena".


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