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Manifestações no Irã são sintoma positivo, diz assessor de Lula
Para Marco Aurélio Garcia, reação é "democrática"; convite para Ahmadinejad vir ao Brasil está mantido
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
As manifestações contra a
reeleição do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad,
são positivas por mostrar "sintomas" de democracia no país.
A opinião é de Marco Aurélio
Garcia, assessor internacional
do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva. Ele reiterou que o convite para que Ahmadinejad visite o Brasil está mantido.
Para Marco Aurélio, o mais
importante foi a grande participação do eleitor: "Houve uma
reação na sociedade muito
grande. A eleição mesma já foi
sintoma de vida democrática
no país. Debates, manifestações de rua. Isso é ótimo".
O acirramento da campanha
iraniana foi o motivo alegado
para o cancelamento na última
hora da visita que Ahmadinejad
faria ao Brasil, em maio.
Alguns diplomatas e membros do governo, que consideravam a visita um erro pelo histórico de declarações polêmicas do iraniano, como a negação do Holocausto, respiraram
aliviados. Mas o convite continua de pé, disse Marco Aurélio,
basta reagendar a visita.
Integrante da comitiva presidencial que chegou ontem a
Genebra, Marco Aurélio apontou o debate e o alto índice de
votação como sinais de dinamismo político que a maioria
dos analistas não percebe.
"Há muito tempo isso passa
despercebido pelos analistas:
há uma vida social e política
muito intensa no Irã", disse. "O
dado fundamental é esse: foi
uma eleição na qual houve debate, uma participação muito
grande. Mais de 70% votaram,
o que não era a tradição."
Marco Aurélio disse que o fato de o Brasil não ter enviado
mensagem de congratulações a
Ahmadinejad, uma praxe diplomática, não significa falta de
reconhecimento ao resultado
da eleição. "O Brasil não reconhece vitória nem desreconhece", disse o assessor de Lula.
Segundo ele, o motivo do
atraso no envio da mensagem
foi que ainda não havia resultado oficial. "Normalmente
quem faz isso é o Itamaraty, a
não ser no caso de relações pessoais com o presidente, o que
não é o caso", explicou.
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