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Brasil estuda retomar a mediação com o Irã
Na ONU, Amorim dirá esperar que não se perca a chance de diálogo
Chanceler mantém contato sobre o tema com colega turco; fator crucial será resposta de Teerã a Grupo de Viena
CLAUDIA ANTUNES
DO RIO
Apesar da aprovação das
sanções contra o Irã no Conselho de Segurança da ONU,
a diplomacia brasileira não
descarta retomar, ao lado da
Turquia, um papel nas negociações sobre o programa nuclear iraniano.
Em discurso hoje na Conferência de Desarmamento
da ONU, o chanceler Celso
Amorim defenderá a validade da Declaração de Teerã,
firmada em maio pelos três
países.
"Só podemos esperar que
a oportunidade mais promissora até agora de engajar o
Irã em um diálogo sobre seu
programa nuclear não seja
perdida", dirá ele.
O chanceler, que mantém
contato sobre o tema com o
colega turco, Ahmet Davutoglu, lamentará que o acordo
de Teerã não tenha sido "testado" antes das sanções.
Mas insistirá em que ele é
"uma plataforma para mais
negociações", visando uma
"fórmula" que concilie "o direito do Irã ao uso pacífico da
energia nuclear" com as "garantias" de que o programa
atômico "tem propósitos exclusivamente pacíficos".
A possibilidade de que
Brasil e Turquia mantenham
papel mediador foi levantada em público pela secretária
de Estado dos EUA, Hillary
Clinton. Também surgiu em
telefonema do conselheiro
de Segurança Nacional, James Jones, a Marco Aurélio
Garcia, assessor internacional do presidente Lula.
A primeira reação brasileira foi negativa, por acreditar
que as sanções invalidavam
o acordo de Teerã.
Mas a avaliação não é mais
tão taxativa, por duas razões:
1) A resposta do chamado
Grupo de Viena (EUA, França
e Rússia) à Agência Internacional de Energia Atômica
não rejeita de modo terminante o acordo de Teerã.
O grupo faz restrições à
quantidade de urânio levemente enriquecido que o Irã
se comprometeu a enviar à
Turquia, que hoje equivale a
50% de seu estoque.
Também pede que o Irã
suspenda o enriquecimento
a 20% -que o país alega ter
iniciado para prover combustível para seu reator de
uso médico, caso a troca não
se concretize.
São duas questões difíceis,
mas não impossíveis de superar em negociações, estimam diplomatas.
2) O Irã, devido a disputas
internas, ainda não entregou
sua contrarresposta ao Grupo de Viena.
Existiria a possibilidade,
apesar da retórica desafiadora com que as sanções foram
recebidas, de que ainda haja
uma porta aberta para a retomada da negociação.
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