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Argentina pode ser a bola da vez
do Conselho Editorial
A crise econômica argentina
provocou tão forte turbulência
nesta semana que ficou a nítida
impressão de que o país se tornara a bola da vez no cassino financeiro planetário.
Ontem, no entanto, a consultoria Grupo G-7, formada por ex-altos funcionários da Casa Branca
em sucessivas administrações, tinha uma boa notícia e uma má
notícia sobre o caso argentino.
A boa notícia: "A Argentina não
está de forma alguma perto de
moratória em sua dívida externa
nem está na iminência de deixar o
peso flutuar" (desde abril de 1991,
o peso está atado ao dólar, na razão de 1 para 1).
Mas a má notícia pode, eventualmente, tornar impraticável a
boa e, de quebra, ricochetear no
Brasil:
"Os mercados argentinos permanecerão extremamente vulneráveis até a eleição presidencial de
24 de outubro, e qualquer venda
pesada em Buenos Aires tende a
se espalhar para outros mercados."
A questão, pois, é saber se a vulnerabilidade será ou não forte o
suficiente para derrubar o peso.
Se for, a maioria dos analistas
acredita que uma moratória se
tornará inexorável, porque a dívida em dólares se tornará insuportável com um peso que valha menos que US$ 1, como hoje.
Idêntica constatação sobre a
persistência da turbulência era
feita na edição de ontem do "The
New York Times". Depois de admitir que os mercados haviam ido
longe demais na especulação da
segunda-feira (a Bolsa caiu mais
de 8%), o analista Jonathan Fuerbringer acrescentava:
"O panorama para os mercados
latinos, nos próximos vários meses, não é mais cor-de-rosa".
Instabilidade mais recessão
mais desemprego de novo em alta
-tudo combinado, é natural que
o presidente Carlos Menem chegue ao final de seu segundo mandato como um dos campeões de
impopularidade entre seus pares
latino-americanos: 19% de aprovação, à frente apenas de FHC e
de Mahuad.
(CR)
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