São Paulo, Quinta-feira, 15 de Julho de 1999
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Argentina pode ser a bola da vez

do Conselho Editorial

A crise econômica argentina provocou tão forte turbulência nesta semana que ficou a nítida impressão de que o país se tornara a bola da vez no cassino financeiro planetário.
Ontem, no entanto, a consultoria Grupo G-7, formada por ex-altos funcionários da Casa Branca em sucessivas administrações, tinha uma boa notícia e uma má notícia sobre o caso argentino.
A boa notícia: "A Argentina não está de forma alguma perto de moratória em sua dívida externa nem está na iminência de deixar o peso flutuar" (desde abril de 1991, o peso está atado ao dólar, na razão de 1 para 1).
Mas a má notícia pode, eventualmente, tornar impraticável a boa e, de quebra, ricochetear no Brasil:
"Os mercados argentinos permanecerão extremamente vulneráveis até a eleição presidencial de 24 de outubro, e qualquer venda pesada em Buenos Aires tende a se espalhar para outros mercados."
A questão, pois, é saber se a vulnerabilidade será ou não forte o suficiente para derrubar o peso. Se for, a maioria dos analistas acredita que uma moratória se tornará inexorável, porque a dívida em dólares se tornará insuportável com um peso que valha menos que US$ 1, como hoje.
Idêntica constatação sobre a persistência da turbulência era feita na edição de ontem do "The New York Times". Depois de admitir que os mercados haviam ido longe demais na especulação da segunda-feira (a Bolsa caiu mais de 8%), o analista Jonathan Fuerbringer acrescentava:
"O panorama para os mercados latinos, nos próximos vários meses, não é mais cor-de-rosa".
Instabilidade mais recessão mais desemprego de novo em alta -tudo combinado, é natural que o presidente Carlos Menem chegue ao final de seu segundo mandato como um dos campeões de impopularidade entre seus pares latino-americanos: 19% de aprovação, à frente apenas de FHC e de Mahuad. (CR)


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