|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Até o Chile, país-modelo, vive recessão
do Conselho Editorial
O Chile talvez seja o melhor
exemplo de como a crise econômica devastou a América Latina.
Desde que enterrou o câmbio fixo, em 1982, o país passou a crescer ininterruptamente, na ditadura como na democracia, à taxa
média anual de 7%.
Em abril, no entanto, surgiu o
mais forte sinal de alarme: o Imacec (Índice Mensal de Atividade
Econômica) mostrou retrocesso
de 6% em relação a igual mês do
ano anterior. É a maior queda
desde março de 1983, quando o
retrocesso fora de 8,01%.
O dado de abril apenas confirmou que o Chile estava tecnicamente em recessão, definida como dois trimestres consecutivos
de retração econômica.
O esfriamento econômico tornou-se tão acentuado que o próprio Banco Central já foi obrigado
a rever sua projeção de crescimento para 99, reduzindo-a de
3,8% para 3%.
A consequência inexorável é o
aumento do desemprego, que terminou o ano de 98 em 7,2%, mas
saltou, no trimestre março/maio,
o mais recente oficialmente divulgado, para 9,8%.
Poucos analistas imaginam que
1999 terminará sem que o desemprego pule para o patamar dos
dois dígitos.
O Chile é, igualmente, o melhor
exemplo de aplicação continuada
do receituário neoliberal. Começou a implementá-lo durante a ditadura do general Augusto Pinochet (1973-89), mas foi a partir da
crise cambial de 1982 que o modelo de privatizações, desregulamentação, abertura da economia
etc, ganhou força total e incontrastável (com o Congresso fechado e a repressão de qualquer dissidência, não havia como opor-se
ao governo e às suas políticas).
Depois da redemocratização, a
política liberal continuou, mas
houve forte inversão nas prioridades de investimentos, agora voltados mais para o social.
Nem uma coisa nem a outra
bastaram para evitar que também
o Chile entrasse em crise recessiva, com o inevitável reflexo na popularidade do presidente.
(CR)
Texto Anterior: Guerrilha abala Colômbia Próximo Texto: Argentina pode ser a bola da vez Índice
|