DA REDAÇÃO

A despressurização dentro de uma aeronave pode ser súbita ou ocorrer lentamente devido a um vazamento. "Mesmo uma súbita, em que ocorre grande fuga de ar, não faz o avião cair", diz o engenheiro e especialista em aviação Ernesto Klotzel, que afirma existirem vários sistemas de alerta e de controle automático quando há problemas de pressão no avião.
"Dificilmente há problema com o ar-condicionado", diz. "Crítico é quando, de repente, abre-se um rombo no avião e há perda violenta de pressão. A cabine fica sob névoa, perde temperatura e o ar úmido condensa. É um caos. Se for uma [despressurização] leve, a pessoa não vai ficar azul."
O frio na cabine sugere que "a tripulação pode ter sofrido com a falta de oxigênio", diz David Kaminski Morrow, editor da revista britânica "Air Transport Intelligence", para quem as perguntas-chave são "sob qual altitude tudo isso estava acontecendo".
Numa situação como essa, diz Klotzel, o piloto deve iniciar uma descida rápida para chegar a uma altitude em que possa respirar sem máscara, a 3.000 metros.
"É pouco provável que só a perda da pressão na cabine causasse tal incidente. Há fatores contribuintes", comentou Daniel Holgten, da Agência Européia de Segurança na Aviação.
"Parece que o avião estava no piloto automático", disse o porta-voz da Helios Marios Konstantinidis. Klotzel lembra um acidente similar ocorrido nos EUA em 1999. Um Learjet-35 privado perdeu pressão e deixou o golfista Payne Stewart e quatro outros passageiros inconscientes. O avião seguiu no piloto automático e pousou num campo. Todos morreram por asfixia e congelamento. (MARGARETE MAGALHÃES)