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IRAQUE SOB TUTELA
Por causa do petróleo, sunitas se recusam a endossar federalismo; xiitas querem papel maior do islã
Impasse ameaça atrasar nova Constituição
DA REDAÇÃO
Sob pressão dos EUA, líderes
iraquianos se reuniram ontem na
tentativa de eliminar os impasses
que ainda impedem a apresentação de um projeto de Constituição para o Iraque.
Embora o primeiro-ministro
Ibrahim al Jaafari tenha afirmado
estar otimista quanto às possibilidades de uma primeira versão da
Carta ser apresentada aos iraquianos ainda hoje, numa sessão do
Parlamento, como programado,
alguns membros da comissão de
elaboração da Constituição não
descartam a hipótese de postergar
essa data.
O embaixador norte-americano
no Iraque, Zlamay Khalilzad,
acompanha o premiê Jaafari em
sua expectativa e afirmou que o
documento deve mesmo ser apresentado hoje.
Os principais pontos que estão
atrasando a finalização da Carta
são dois: a falta de consenso sobre
a implantação do sistema federalista no país e a insistência dos xiitas em que a Constituição tenha
um viés mais religioso.
O federalismo é vigorosamente
combatido pelos sunitas -que
sob Saddam Hussein (1979-2003)
estavam no poder, embora sejam
minoria no Iraque. "Não seremos
subjugados e continuaremos a insistir em nossas exigências", afirmou à agência de notícias Associated Press o negociador sunita
Kamal Handoum. "Temos certeza de que o federalismo significa
divisão e não pode ser aprovado."
Petróleo
Na verdade, por trás da questão
do federalismo está a disputa de
poder sobre os territórios ricos
em petróleo. O federalismo significa uma independência administrativa maior para cada unidade
da Federação, e os sunitas temem
que sejam prejudicados pelo sistema porque os principais campos de petróleo do Iraque ficam
no sul do país, onde predominam
os xiitas, e no norte, onde a maioria é curda.
Os curdos, por sua vez, reivindicam que sua autonomia seja contemplada pelo texto constitucional, além de pedirem a redefinição das fronteiras das áreas sob
seu domínio, resolvendo o problema da região de Kirkuk, rica
em petróleo, da qual foram expulsos por Saddam Hussein.
Os EUA vêm a provação da
Constituição como fundamental
para uma eventual retirada de
suas tropas do Iraque. Segundo
declarou o embaixador Khalilzad
à rede de notícias CNN, a Carta
pode incluir os sunitas na política
iraquiana e isolar os radicais baathistas (membros do partido de
Saddam Hussein, o Baath), que,
acredita-se, estejam por trás de
grande parte dos atentados no
país.
Jawad al Maliki, um membro da
comissão constitucional disse ontem que, se um acordo não for alcançado, "podemos emendar a
Constituição provisória e estender por duas semanas" o prazo
para a apresentação da nova.
Violência
Cinco soldados norte-americanos morreram ontem vítimas de
bombas colocadas nas estradas
por insurgentes iraquianos.
Três dos militares foram mortos
em explosão perto de Tuz, 180 km
ao norte de Bagdá. Numa estrada
que liga o Iraque à Jordânia, uma
bomba matou outro soldado; e
mais um foi morto em Bagdá.
Também na capital iraquiana, a
explosão de um homem-bomba
matou dois civis e feriu quatro.
Em Samarra, a 110 km de Bagdá,
dois policiais foram encontrados
mortos; e um policial foi morto
em Kirkuk e outro na região de
Baquba.
A despeito da violência no Iraque, dois senadores norte-americanos pediram ontem que a Casa
Branca envie mais tropas ao país.
O democrata Joseph Biden e o republicano John McCai afirmaram
que as tropas no Iraque não são
suficientes para combater a insurgência, e que as forças iraquianas
não darão conta de controlar o
país quando os EUA saírem de lá.
Richard Lugar, chefe do Comitê
de Relações Exteriores do Senado,
disse ser muito pouco provável
que o pedido de seus colegas seja
atendido.
Com agências internacionais
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