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Brasileiros dizem que é cedo para retornar
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
Para dirigentes das principais associações libanesas no
Brasil, os libaneses e descendentes que voltaram para o país
ainda vão esperar bastante para
retornar ao Líbano. "Ninguém
quer voltar agora. Os próprios
familiares que ficaram lá dizem
que é cedo para as coisas se assentarem", diz o diretor-executivo da Federação das Associações Muçulmanas no Brasil,
Mohamed Hussein El Zoghbi.
Nas últimas três semanas,
2.650 pessoas vieram para o
Brasil, entre brasileiros e libaneses com parentes aqui. O retorno é incerto. "No mínimo,
vou ficar um ano no Brasil",
disse à Folha Janete Ali Hammoud, curitibana que está hospedada na casa da irmã em São
Paulo.
Nos últimos 5 anos, ela morou na pequena Kherbet Rour,
no Vale do Bekaa. "Era difícil
continuar lá. Os brasileiros não
estão acostumados à guerra, eu
tremia quando ouvia as bombas".
Janete explica que seria muito caro retornar. "O inverno
começa em outubro, e é muito
frio, neva. Falta comida, remédios, e o combustível para
aquecer a lareira ficará muito
caro." Ela está no Brasil com
sua mãe, e a filha de 1 ano e 10
meses. Cada uma só pôde trazer 10 kg de bagagem. Roupas,
fotos, pertences pessoais ficaram lá.
As principais associações libanesas no Brasil estão arrecadando remédios, alimentos e
roupas para os que retornaram.
"Muitos estão há 15 dias, 20
dias na casa de parentes. É
muito complicado ficar pedindo tudo por tanto tempo. Temos que ajudá-los", diz o presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana de São Paulo,
Nazih Said Saadi.
A campanha "SOS Salve o Líbano" está recolhendo as doações e tem uma lista de psicólogos e médicos voluntários que
atendem aos que passaram pelo trauma dos bombardeios. O
endereço dos 11 postos de arrecadação e os contatos dos voluntários podem ser consultados no site http:// www.soslibano.net
Também há uma conta para
as doações em dinheiro: Banco
do Brasil, agência 1606-3, conta
corrente 200004-0.
Ajuda brasileira
O ministro Celso Amorim
(Relações Exteriores) chega
hoje ao Líbano, em viagem
anunciada na semana passada.
Amorim será recebido pelo
presidente Émile Lahoud, pelo
premiê Fouad Siniora e outras
autoridades. Ele fará a entrega
de 2,5 toneladas de medicamentos e de 16 kits de farmácia
básica, suficientes para o atendimentos das necessidades
emergenciais de 145 mil pessoas, segundo o Itamaraty.
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