São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 2006

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Brasileiros dizem que é cedo para retornar

RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL

Para dirigentes das principais associações libanesas no Brasil, os libaneses e descendentes que voltaram para o país ainda vão esperar bastante para retornar ao Líbano. "Ninguém quer voltar agora. Os próprios familiares que ficaram lá dizem que é cedo para as coisas se assentarem", diz o diretor-executivo da Federação das Associações Muçulmanas no Brasil, Mohamed Hussein El Zoghbi.
Nas últimas três semanas, 2.650 pessoas vieram para o Brasil, entre brasileiros e libaneses com parentes aqui. O retorno é incerto. "No mínimo, vou ficar um ano no Brasil", disse à Folha Janete Ali Hammoud, curitibana que está hospedada na casa da irmã em São Paulo.
Nos últimos 5 anos, ela morou na pequena Kherbet Rour, no Vale do Bekaa. "Era difícil continuar lá. Os brasileiros não estão acostumados à guerra, eu tremia quando ouvia as bombas".
Janete explica que seria muito caro retornar. "O inverno começa em outubro, e é muito frio, neva. Falta comida, remédios, e o combustível para aquecer a lareira ficará muito caro." Ela está no Brasil com sua mãe, e a filha de 1 ano e 10 meses. Cada uma só pôde trazer 10 kg de bagagem. Roupas, fotos, pertences pessoais ficaram lá.
As principais associações libanesas no Brasil estão arrecadando remédios, alimentos e roupas para os que retornaram. "Muitos estão há 15 dias, 20 dias na casa de parentes. É muito complicado ficar pedindo tudo por tanto tempo. Temos que ajudá-los", diz o presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana de São Paulo, Nazih Said Saadi.
A campanha "SOS Salve o Líbano" está recolhendo as doações e tem uma lista de psicólogos e médicos voluntários que atendem aos que passaram pelo trauma dos bombardeios. O endereço dos 11 postos de arrecadação e os contatos dos voluntários podem ser consultados no site http:// www.soslibano.net
Também há uma conta para as doações em dinheiro: Banco do Brasil, agência 1606-3, conta corrente 200004-0.

Ajuda brasileira
O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) chega hoje ao Líbano, em viagem anunciada na semana passada. Amorim será recebido pelo presidente Émile Lahoud, pelo premiê Fouad Siniora e outras autoridades. Ele fará a entrega de 2,5 toneladas de medicamentos e de 16 kits de farmácia básica, suficientes para o atendimentos das necessidades emergenciais de 145 mil pessoas, segundo o Itamaraty.


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