São Paulo, quarta-feira, 15 de agosto de 2007

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Ataque a seita curda no Iraque mata 190

No segundo pior ataque desde 2003, suicidas detonam quatro carros-bomba em meio a comunidades Yazidi a oeste de Mossul

Atentados são a primeira vez em que uma seita é o claro alvo de radicais no Iraque; nenhum grupo reivindica a autoria das explosões

DA REDAÇÃO

No segundo atentado mais sangrento no Iraque desde a invasão liderada pelos EUA em março de 2003, ao menos 190 pessoas da seita religiosa Yazidi morreram ontem em quatro ataques sincronizados no norte do país, informaram oficiais iraquianos. Outras 200 pessoas ficaram feridas nos ataques, nos quais terroristas suicidas detonaram caminhões-bomba quase simultaneamente em duas vilas de maioria Yazidi -Al Jazeera e Qahataniya- cerca de 120 km a oeste de Mossul, na região semi-autônoma curda no norte do país.
Os atentados, que destruíram cerca de 30 prédios residenciais e lojas da comunidade, marcam a primeira vez que uma seita religiosa é o claro alvo de terroristas no Iraque.
Nenhum grupo assumiu a autoria dos atentados, mas o temor de ataques e as ameaças de morte de extremistas sunitas de Mossul levaram recentemente muitos Yazidi a se mudar para regiões mais a oeste, onde são maioria.
O mais alto número de vítimas de ataques terroristas em um único dia no Iraque desde 2003 é o saldo de 202 mortos em 23 de novembro de 2006, quando seis carros-bomba explodiram em Bagdá.
A seita Yazidi tem raízes na antigüidade e surgiu antes da religião islâmica. Seus seguidores vivem de forma bastante segregada do resto da população. O sincretismo da seita incorporou elementos do islamismo, judaísmo, zoroastrismo e cristianismo, entre outras.
Durante o regime do ditador Saddam Hussein (1979-2003), acredita-se que o governo manipulou os Yazidi para que se mantivessem afastados dos curdos. Desde 2003, porém, existe a pressão para contar os membros da seita como etnicamente curdos, em uma tentativa de aumentar o número e influência dos últimos no Iraque.

Momento delicado
O atentado de ontem ocorreu no mesmo dia em que 16 mil soldados do Iraque e dos EUA iniciaram uma operação no vale do rio Diyala, norte de Bagdá, para buscar insurgentes sunitas e guerrilheiros xiitas.
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Defesa Bryan Whitman afirmou que a nova operação faz parte de uma série de ações planejadas para os próximos 30 dias para tentar coibir uma esperada alta de ataques terrorista no Iraque.
O Exército americano afirmou suspeitar que os atentados aumentariam pouco antes de setembro, quando seus comandantes em campo devem apresentar ao Congresso dos EUA um relatório sobre a eficácia da atual estratégia militar.
Também ontem, o Exército divulgou as mortes de mais nove soldados americanos. A queda de um helicóptero a oeste de Bagdá matou cinco militares, outros três morreram em uma explosão anteontem na Província de Nínive e um morreu em decorrência de ferimentos de um combate em Bagdá.
As baixas elevam para mais de 3.700 o número de soldados americanos mortos no Iraque desde 2003, segundo a agência Associated Press.


Com Associated Press e "The New York Times"

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