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Ataque a seita curda no Iraque mata 190
No segundo pior ataque desde 2003, suicidas detonam quatro carros-bomba em meio a comunidades Yazidi a oeste de Mossul
Atentados são a primeira vez em que uma seita é o claro alvo de radicais no Iraque; nenhum grupo reivindica
a autoria das explosões
DA REDAÇÃO
No segundo atentado mais
sangrento no Iraque desde a invasão liderada pelos EUA em
março de 2003, ao menos 190
pessoas da seita religiosa Yazidi
morreram ontem em quatro
ataques sincronizados no norte
do país, informaram oficiais
iraquianos. Outras 200 pessoas
ficaram feridas nos ataques,
nos quais terroristas suicidas
detonaram caminhões-bomba
quase simultaneamente em
duas vilas de maioria Yazidi
-Al Jazeera e Qahataniya-
cerca de 120 km a oeste de Mossul, na região semi-autônoma
curda no norte do país.
Os atentados, que destruíram cerca de 30 prédios residenciais e lojas da comunidade,
marcam a primeira vez que
uma seita religiosa é o claro alvo de terroristas no Iraque.
Nenhum grupo assumiu a
autoria dos atentados, mas o temor de ataques e as ameaças de
morte de extremistas sunitas
de Mossul levaram recentemente muitos Yazidi a se mudar para regiões mais a oeste,
onde são maioria.
O mais alto número de vítimas de ataques terroristas em
um único dia no Iraque desde
2003 é o saldo de 202 mortos
em 23 de novembro de 2006,
quando seis carros-bomba explodiram em Bagdá.
A seita Yazidi tem raízes na
antigüidade e surgiu antes da
religião islâmica. Seus seguidores vivem de forma bastante segregada do resto da população.
O sincretismo da seita incorporou elementos do islamismo,
judaísmo, zoroastrismo e cristianismo, entre outras.
Durante o regime do ditador
Saddam Hussein (1979-2003),
acredita-se que o governo manipulou os Yazidi para que se
mantivessem afastados dos
curdos. Desde 2003, porém,
existe a pressão para contar os
membros da seita como etnicamente curdos, em uma tentativa de aumentar o número e influência dos últimos no Iraque.
Momento delicado
O atentado de ontem ocorreu
no mesmo dia em que 16 mil
soldados do Iraque e dos EUA
iniciaram uma operação no vale do rio Diyala, norte de Bagdá,
para buscar insurgentes sunitas e guerrilheiros xiitas.
Em Washington, o porta-voz
do Departamento de Defesa
Bryan Whitman afirmou que a
nova operação faz parte de uma
série de ações planejadas para
os próximos 30 dias para tentar
coibir uma esperada alta de ataques terrorista no Iraque.
O Exército americano afirmou suspeitar que os atentados
aumentariam pouco antes de
setembro, quando seus comandantes em campo devem apresentar ao Congresso dos EUA
um relatório sobre a eficácia da
atual estratégia militar.
Também ontem, o Exército
divulgou as mortes de mais nove soldados americanos. A queda de um helicóptero a oeste de
Bagdá matou cinco militares,
outros três morreram em uma
explosão anteontem na Província de Nínive e um morreu em
decorrência de ferimentos de
um combate em Bagdá.
As baixas elevam para mais
de 3.700 o número de soldados
americanos mortos no Iraque
desde 2003, segundo a agência
Associated Press.
Com Associated Press e "The New York Times"
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