|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Venezuela aprova polêmica nova lei de educação de Chávez
Oposição quer referendo para derrubar legislação, que também é criticada por jornalistas e igreja
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Em meio a dezenas de pequenos protestos pela Venezuela, a
Assembleia Nacional, controlada pelo chavismo, aprovou ontem a controvertida Lei Orgânica de Educação (LOE), duramente criticada pelos reitores
das principais universidades,
pela Igreja Católica, por parte
do movimento estudantil, por
todos os partidos da oposição e
por entidades de jornalistas.
A nova legislação fala em
"princípios e valores condutores" da educação como "amor",
"democracia participativa",
"justiça social", "igualdade de
gênero", "laicidade" e "caráter
público", entre outros.
A LOE prevê ainda o aumento da presença estatal em várias
áreas da educação, como na formação de professores e na definição de prioridades dentro das
carreiras universitárias. A
grande maioria dos pontos controversos terá de ser regulamentada por leis complementares da Assembleia.
Um dos artigos mais criticados é o 50, que obriga os meios
de comunicação a "conceder
espaços que materializem os
fins da educação" e os proíbe de
publicar informações "que produzam terror nas crianças, incitem o ódio e atentem contra
os valores sãos do povo venezuelano e contra a saúde mental e física da população".
De acordo com o ministro da
Educação, Héctor Navarro,
uma nova LOE é necessária por
várias "razões: o currículo, o
funcionamento das escolas, a
incorporação da comunidade".
Sobre as críticas, Navarro
disse tratar-se de um confronto
entre "uma visão liberal, que
considera a educação uma mercadoria, e uma visão que diz
que o Estado deve assegurar a
educação a todos os cidadãos
em igualdade de condições".
A reitora da Universidade
Central da Venezuela, Cecilia
García Arocha, disse que a lei é
"inaceitável" e que as "universidades jamais vão estar a serviço de nenhum governo".
Já a Igreja Católica criticou a
omissão do ensino religioso na
LOE. A oposição promete colher assinaturas para convocar
referendo para derrubar a lei.
Ontem, um protesto de estudantes universitários em Caracas foi dispersado com gás lacrimogêneo pela polícia. Houve
ainda uma manifestação contra
um ataque de militantes chavistas a um grupo de jornalistas
que protestavam contra o artigo 50 da LOE, anteontem, que
deixou 12 feridos.
Texto Anterior: Colômbia e EUA fecham acordo sobre o uso de bases Próximo Texto: Zelaya revela a Lula escala em base dos EUA Índice
|