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IRAQUE SOB TUTELA
Carro-bomba explode perto de fila de recrutamento de policiais na capital, mata 47 e fere mais de cem
Atentados e confronto matam 69 no Iraque
DA REDAÇÃO
A violência prosseguiu ontem
no Iraque, com ataques terroristas e choques com forças americanas fazendo ao menos 69 mortos e
114 feridos. Em Bagdá, um carro-bomba explodiu em zona movimentada e, em Baquba, os ocupantes de uma van da polícia foram metralhados em emboscada.
O Tawhid e Jihad, grupo do terrorista jordaniano Abu Musab al
Zarqawi, ligado à rede Al Qaeda,
assumiu os dois ataques.
A explosão do carro-bomba
aconteceu na avenida central Haifa, a mesma onde no domingo
choque entre americanos e manifestantes deixou dezenas de mortos. A região é repleta de lojas e cafés e também abriga uma sede da
polícia iraquiana. Apesar de o ataque aparentemente ter tido como
alvo as forças de segurança -havia uma fila com candidatos a empregos na polícia-, muitos dos
47 mortos eram pessoas que estavam fazendo compras ou tomando café da manhã.
"Segundos antes, as pessoas estavam bebendo chá ou comendo
sanduíches e então eu podia ver
membros pendurados nas árvores. Pessoas queimando corriam
em todas as direções", disse Mahdi Mohammed, que estava do lado de fora de sua barbearia.
Enquanto os feridos eram levados para hospitais, paramédicos
recolhiam pedaços de corpos e os
colocavam em caixas. Depois,
uma multidão se reuniu e gritou
slogans contra o presidente norte-americano, George W. Bush, e o
premiê iraquiano interino, Iyad
Allawi, "Bush é um cachorro", dizia um dos refrões.
Em Baquba, uma emboscada
matou 11 policiais e um civil. Eles
tinham saído de Qanaqin para pegar passaportes e documentos para viajarem para a Jordânia, onde
fariam treinamento.
"Os policiais estavam em uma
van quando dois carros fecharam
seu caminho. Vários homens saíram e começaram a metralhar",
disse um porta-voz da polícia.
Em Ramadi, choques entre forças americanas e rebeldes causaram a morte de dez iraquianos.
As forças americanas e iraquianas começaram ontem a permitir
o retorno de civis a Tal Afar. O fim
do bloqueio aconteceu um dia depois de a Turquia ameaçar interromper sua colaboração com a
coalizão -Tal Afar abriga uma
minoria turca.
Em entrevistas a TVs árabes, o
chanceler italiano, Franco Frattini, disse que seu país não dará ouvidos a ameaças. "Exigimos a libertação das reféns italianas que
estavam fazendo trabalho humanitário", afirmou. A condição das
duas italianas e dos dois jornalistas franceses que estão seqüestrados continua inalterada. Ontem
foi divulgada na internet uma
mensagem supostamente colocada pelos seqüestradores dos jornalistas que afirma que a França é
"inimiga de Deus".
Em Madri (Espanha), o presidente francês, Jacques Chirac, disse que "a situação é grave e não
melhora. Abrimos uma caixa de
Pandora que não somos capazes
de fechar". No Cairo (Egito), o secretário-geral da Liga Árabe, Amr
Moussa, fez declaração parecida.
"As portas do inferno estão abertas no Iraque."
Apesar da posse do governo interino no final de junho, a violência dos insurgentes contra as forças americanas e iraquianas vem
aumentando. De abril de 2003 a
maio deste ano, 710 policiais iraquianos foram assassinados. Desde maio, pelo menos mais 180 foram mortos em ataques contra
instalações da polícia.
Um advogado britânico denunciou ontem que os americanos
torturaram iraquianos também
em Mossul. Phil Shiner, que defende iraquianos em ação contra
soldados britânicos, colheu depoimentos de prisioneiros que foram espancados. Um deles disse
ter visto um rapaz de 14 anos sangrando pelo ânus. Um porta-voz
militar americano se disse "surpreso": "Eu visitei a prisão e vi o
bom trabalho que eles têm feito".
Com agências internacionais
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