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Explosão deixa
sangue e pedaços
de corpos na rua
MARIAM KAROUNY
DA REUTERS, EM BAGDÁ
Uma idosa lavava ontem,
com esguicho, o chão de um
hospital de Bagdá, tentando
em vão remover as poças de
sangue que se formavam no
local. "O sangue não pára de
correr", disse a senhora, dizendo chamar-se Amina. "É
a terceira vez que lavo o
chão. É como um rio em
tempo de cheia. O hospital
inteiro está sangrando."
Com seus aventais brancos
ensangüentados, médicos
abriam caminho em meio
aos feridos deitados em macas nos corredores do hospital de Karkh. Alguns tinham
braços ou pernas faltando.
Um enorme carro-bomba
explodiu num mercado lotado de Bagdá, espalhando pedaços de corpos humanos
pelas ruas, derrubando árvores e saturando o ar de fumaça e do mau cheiro de
carne humana queimada.
"Vi uma explosão negra, e,
depois, havia corpos por toda parte", contou o garoto
de 12 anos Omar Salem, que
passeava calmamente de bicicleta entre os corpos queimados. "Nunca antes vi tantos cadáveres", comentou,
sem dar sinal de emoção.
O cenário em volta de
Omar era algo que nenhum
ser humano -muito menos
uma criança- deveria ser
obrigado a testemunhar.
Carne humana estava grudada nas paredes internas e
externas das lojas.
Testemunhas disseram
que centenas de pessoas estavam cuidando de seus afazeres na rua Haifa, reduto de
rebeldes em Bagdá, quando
pelo menos um carro-bomba explodiu, matando 47 iraquianos e deixando mais de
114 feridos, no ataque mais
mortífero dos últimos seis
meses na capital iraquiana.
Algumas pessoas estavam
trabalhando, outras faziam
compras e ainda outras formavam uma fila diante de
uma delegacia central de polícia para tentar ingressar na
nova força policial.
Transeuntes e ambulâncias prestaram socorro, arrastando as vítimas para os
veículos mais próximos.
Não havia macas suficientes
para todos. Os cadáveres
eram deixados onde tinham
caído, na calçada ou na rua.
A explosão abriu uma cratera de dois metros na rua e
incendiou nove carros. Segundo testemunhas, podem
ter ocorrido explosões simultâneas. No hospital, o
necrotério ficou lotado.
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